Quem nos anos 90 escutou os trabalhos dos Cul de Sac, estaria por certo longe de
imaginar que aquele guitarrista
militantemente eléctrico, com grande pendor para a electrónica e para o
noise, viria um dia a gravar dos mais deliciosos discos acústicos da música
americana.
Com efeito desde aí, Glenn
Jones, “o melhor guitarrista de que nunca ninguém ouviu falar”, inspirou-se na figura e na herança do lendário John Fahey. Abraçou a linguagem tradicional e com a sua
guitarra e banjo acústicos caminhou ao lado de um outro visionário – Jack Rose
- através do Delta e dos Apalaches, como
outrora fizeram Fahey, Robbie Basho, Peter Lang ou Leo Kottke.
“My Garden State” segue na peugada dos quatro cds anteriores e
deixa-nos um conjunto peças a um tempo sensíveis e poderosas. Pequenos e
grandes instrumentais que a princípio surgem inócuos mas que com as sucessivas audições
se entranham na pele e nos sentidos, ou não fosse esse o poder e a essência da
música tradicional.
Sereno, como serenas são as colaborações de Meg e Laura
Baird, “My Garden State” fica bem em qualquer alpendre, num esquecido
final de tarde.