E de novo a Fruits de Mer
Records e mais um conjunto de singles de magnifico recorte. Edições
limitadas e objecto de design cuidado como é habitual.
Crystal Jacqueline, até aqui uma desconhecida do
Atalho, recupera três clássicos do psicadelismo 60s: “Cousin Jane” ( Troggs ), “A
Fairy Tale” ( Second Hand ) e “Play with Fire” ( Rolling Stones ). Versões
imaginativas e voz convincente.
O holandês Jack
Ellister regressa à editora com um single que mescla “Within you, Without
you” dos Beatles, com “Song for wild” de Mark Fry e “Flaming” de Syd
Barrett. Nada de especialmente novo
quanto ao primeiro e ao último. Distinta, excelente e lisérgica a cover de Mark Fry.
Os Stay chegam de
Barcelona e avançam com quatro temas de importância e calibre desiguais. “Mersey
Dream”, um original que balança entre a muralha sonora Oasis e a subtiliza
Stones Roses. Pouco convincente. “Guess I was dreaming” ( lado A de um single dos The Fairytale
datado de 1967 ) soa como se o jardim do psicadelismo britânico se mantivesse
ali ao virar da esquina. “If I needed someone”, assinada por George Harrison
para “Rubber Soul” e “I see the rain”, um velho single dos Marmalade
para a CBS em 1967, não apresentam aqui nada de diferenciado e memorável.
Muito embora lhes reconheça a importância, Black Sabbath
nunca foi o meu “cup of tea”. Os White Sails conseguem no entanto
prender a minha atenção e os dois instrumentais dos Sabbath que propõem “Laguna
Sunrise” ( “Vol. 4”) e “Fluff” ( “Sabbath Bloody Sabbath” ) soam perfeitos
e cristalinos, como se tivessem nascido em São Francisco e não na sombria Birmingham
do inicio dos 70s. Mas as pérolas aqui são os dois originais: “The answer” e “Death
on a Pale Horse”. A primeira leva-me até à guitarra de Michio Kurihara; a última nasce nos Apalaches mas rapidamente
se dirige para os recantos mais serenos de “Physical Graffiti”. White Sails, fixem o nome.
Os suecos Me And My
Kites são devotos dos Fuchsia ( cujo álbum homónimo de 1971 é hoje objecto
de assinalável culto ). Para o single
estreia localizaram uma velha demo do grupo inglês ( “The Band” ), trabalharam-na
e solicitaram ao respectivo compositor (
Tony Durant ) que lhe emprestasse a voz. O resultado não compromete, mas está
longe de ser memorável. O Atalho tem melhores recordações de “Fuchsia”.
O lado B do single, “Isis’ Adventure”
indicia que o colectivo sueco tem andado a escutar Kevin Ayers. Algo que se
regista com agrado. Mas, Kevin Ayers é e será sempre Kevin Ayers …..