Tenho a noção de estar a correr um tremendíssimo risco. Mas
ainda assim persisto. “Fain” é seguramente um dos grandes
discos de folk-rock a emergir do Reino Unido nos últimos anos.
Em 2010, com “Steeple”, os Wolf People já haviam sinalizado o terreno e deixado antever que
algo de muito importante estava para vir. E, embora este segundo cd do quarteto
londrino seja um daqueles registos que precisa de tempo para que todos os
detalhes possam ser convenientemente detectados e degustados, as primeiras audições
são uma revelação.
“Steeple” foi na essência
mesclado pelo folk. “Fain”, sem negar esse desiderato,
vai procurar grande parte da sua inspiração ao blues-rock britânico do período
1969 / 70. Coisa nada despicienda portanto e um desafio arrojado pois, naquele
terreno, qualquer passo em falso podia
resultar num equivoco e, acto contínuo, conduzir ao estigma e ao ostracismo.
Percebe-se no entanto que “Fain” foi estruturalmente
pensado e elaborado para não correr tais riscos. E se as sempre polémicas
comparações forem aqui permitidas, recordem-se os Groundhogs de “Split”,
os Tull de “This was” e “Benefit”, os Television de “Adventure”
ou os Steamhammer de “Mountains” Sim sim, falamos dessas
guitarras enciclopédicas e de muitas outras que pairam sobre as melodias dos
Wolf People.
Corram a escutar “When
the fire is dead in the grate”, “Athol”, “Thief” ou o enorme “Hesperus” e perceberão o porquê da hipérbole
introdutória. Em competição directa com “Coming out of the fog” dos
Arbouretum para Disco de Cabeceira!