A música de inspiração tradicional das ilhas britânicas é um
espaço criativo imenso e inesgotável. A tal ponto que se torna quase inviável seguir
todas as propostas que no circuito alternativo / privado surgem a cada dia.
Os Sproatly Smith
por exemplo. Activos desde meados de
2009, tratam as raízes do folk rural e respectivas lendas com o cuidado dos
arquivistas e o rigor dos historiadores. “Times is n’ times was” representa a
sequência lógica dos anteriores “The Minstrel’s grave” e “Pixieled”.
Inspiração lo-fi, construção de acordo com um conceito radiofónico ( repleto de
interlúdios e narrações de pequenas histórias ), encarnando o espírito da
ruralidade como poucos o fazem hoje.
Espartano nos meios ( instrumentos e produção ), é no entanto
um registo cheio. De melodias inesquecíveis, de vocalizações que hesitam entre
o bucolismo do folk tradicional e de sonoridades antigas resgatadas ao
psicadelismo inglês dos 60s.
“Rosebud in June”,
“The farmers have gone west” e o clássico “Fine Horseman” emergem naturalmente, mas ao longo de “Times
is n’ times was” ecoam em igual proporção as memórias de Richard &
Linda Thompson, Mellow Candle, John Kirkpatrick & Sue Harris ou
Pentangle. Uma verdadeira delicia para
os sentidos.