27/06/12

Lee Ranaldo "Between the times and the tides"


A mais que provável separação dos Sonic Youth, poderá vir a tornar-se uma oportunidade para Lee Ranaldo.
Com efeito, aquele que já foi apelidado o George Harrison da banda de NY ( sempre confinado a duas ou três canções por álbum nos SY ) poderá agora afirmar-se definitivamente como o compositor sólido e versátil que sempre foi, mas que muita gente não deu conta, ofuscada que estava pelo frenético jogo de sombras do casal Moore/Gordon. 

As composições de Ranaldo para os SY, raramente valorizadas, funcionavam como um pêndulo, ligavam à terra uma banda que, na opinião do Atalho, com demasiada frequência “se perdia” no atonal e no feedback. Neste aspecto particular, o  concerto de 2010 no Coliseu chegou a ser penoso.

Between the times and the tides” é um trabalho enérgico e inspirado. Por mera coincidência ou porque o guitarrista guardou para si as suas melhores composições, o facto é que qualquer destes 10 temas, respira melodia e preenche a alma como muito dificilmente as suas congéneres de “Demolished thoughts” (exceptuando talvez “Benediction” e “Illuminine”) alguma vez conseguirão.
Dito de outra maneira: “Between the times and the tides” é um trabalho imaginado, concebido e produzido (a meias entre Lee e John Agnello) para não soar datado daqui a uns meros seis meses. Equilíbrio é a expressão que emerge e com o decorrer das audições  “Waiting on a dream”, “Off the Wall”, Xtina as I knew her”, “Angles” ou “Lost” surgem cada vez mais e imprescindíveis. Curiosamente ou talvez não, conduzem-nos até “Daydream Nation” …