31/01/12

Jardins do Paraíso XXX ( Gene Clark )


Gene Clark, o maior songwriter que os Byrds alguma vez albergaram no seu seio ( e não, não me estou a esquecer de David Crosby ) raramente viu os seus discos a solo devida e justamente valorizados. Alguns deles, verdadeiras obras primas em matéria de composição foram massacrados por produções e arranjos megalómanos, completamente em contra-ciclo com a personalidade do autor. “No Other” será nesta matéria o exemplo mais acabado.

Roadmaster” será porventura o paradigma do “disco maldito”. O álbum que Clark nunca conseguiu fazer publicar no seu próprio país. “Gene Clark” ( aka “White Light” ), provavelmente a sua obra prima, fora editado em 1971 mas, à época, como quase sempre acontece a todos os talentos com óbvias dificuldades de comunicação e/ou adaptação ao sucesso, foi ignorado pela indústria e público americanos.

Os europeus, sempre mais atentos e sensíveis aos “american loosers”, aproveitaram a reunião dos The Byrds originais em 1973 ( para cujo álbum homónimo, Clark forneceu as melhores canções) e publicaram “Roadmaster” na Alemanha e Holanda com um moderado sucesso.

Escutadas hoje ( via uma muito cuidada reedição da Sundazed ), as 11 canções permanecem as mesmas. Não obstante , o tempo e as novas técnicas digitais, encarregaram-se de as colocar em perspectiva, elevando-as a um patamar muito próximo do sublime. Basta voltar a escutar “One in a Hundred” (com as suas guitarras mid-tempo e subtis harmonias vocais), “Full Circle Song”, “Here tonight” ou “In a Misty Morning”, para se perceber que um lamentável conjunto de factores, uns endógenos outros exógenos, acabaram por destruir um dos maiores talentos americanos da segunda metade do século XX. “Roadmaster” é uma excelente oportunidade para nos reconciliarmos com esta janela da história.