Passaram-se! Só pode.
A não ser assim, o que terá levado uma banda que apesar de ser oriunda do Maryland tinha tudo para se transformar numa das referências históricas do “desert-rock” ( ao lado de Sidewinders, Sand Rubies, Giant Sand, Rich Hopkins & Luminarios ou Naked Prey ), a mudar tão radicalmente o paradigma sonoro, claudicando perante uma produção excessivamente musculada que pode muito bem hipotecar o futuro de um até aqui excelente colectivo de folk-roots-rock?
Onde o anterior “Song of the pearl” era um trabalho inteligente e subtil, “The Gathering” é hiper-produzido, mastodôntico, às vezes inenarrável ( “Waxing Crescents” por exemplo ). Em rigor nada nos move contra o “fuzz”, o eco ou o “reverb”. Existem de resto imensos exemplos, quer no “drone” quer no “stoner rock”, onde estas características, quando devidamente enquadradas, funcionam como mais valias. Não é o caso de “The Gathering”, um inesperado e questionável exercício de simples “heavy-rock”.
Dito isto, temas como “The white bird” e “When delivery comes” escapam ao desastre e têm os seus momentos, sobretudo o segundo quando a guitarra opta pela pauta thompsiana. Por seu lado a versão de Highwayman” ( um velho hino de Jimmy Webb ) é competente e ajuda a trazer a tradicional sonoridade Arbouretum de volta.
Curto, demasiado curto para um grupo que tem no seu seio a voz, a guitarra e o talento de David Heumann.