The Chemistry Set são um duo britânico constituído por Dave McLean e Paul Lake que desde há duas décadas, intermitentemente, se expressam numa linguagem pop-psicadélica. Para além dos habituais fanzines underground raramente são divulgados, ainda assim mantêm uma imensa minoria de fãs e incondicionais.
Recentemente, por sugestão ( na circunstância o termo “pressão” também não será descabido ) de alguns destes incondicionais o duo retomou os contactos e no inicio de 2009 regressou ao estúdio.
Sem objectivos definidos. A ideia era colocar as fitas a rolar e esperar para ver o que acontecia. Em boa hora o fizeram pois o resultado, materializado em “Alchemy #101”, é muito provavelmente o que de melhor os Chemistry Set já publicaram.
As diferentes maquetas que ao longo destes meses fui conhecendo aos temas, levavam-me a supor que o resultado seria muito bom. Ainda assim nunca esperei por algo de tão extraordinário.
“Alchemy #101” é brilhante na escrita. Os arranjos e produção são pura alquimia psicadélica. O rigor e o controlo de qualidade funcionaram na plenitude e a somar a tudo isto tem a duração ideal, cerca de 30 minutos.
O Atalho teve de recuar muito no tempo até encontrar canções onde as melodias fossem tão inspiradas como em “Look to the sky” e os coros de guitarras Rickenbanker tão apelativos como em “She’s taking me down”. Por outro lado “If Rome was mean to fall” e “Seeing upside down” conseguem a proeza de fazer com que todo o Paisley Underground e os R.E.M. de “Murmur” e “Reckoning” voltem a representar uma memória agradável, enquanto “Regard le ciel”, na voz da catalã Suzette de la Grace Faberge, sugere as cores estivais das Antena de “Camino del sol” mas com os Three O’Clock como banda de apoio.
“Silver Birch”, uma versão de um velho tema de Del Shannon, abre com um “break” de bateria semelhante ao de “Closer”, porém o órgão e o mellotron depressa encaminham a canção para o universo interestelar de “The Piper at the Gates of Dawn”. Pelo meio são adicionadas referências explicitas a “Sanctus” ( dos Electric Prunes de “Mass in F Minor” ), até que serenamente o tema se desvanece numa flauta que, de tão pastoral, poderia ter integrado “Mr. Fantasy” sem a menor dificuldade.
Logo que possam, corram a escutar “Alchemy #101” ( há mais bandas a dar pelo nome de Chemistry Set pelo que se sugere a devida precaução ). Tão depressa não irão tropeçar de novo num diamante deste quilate.