“When the tracks on this album were recorded, an incredible amount of fusion was happening between all types of music (jazz-rock, folk-rock, blues-rock etc, with musicians like Coltrane, Miles Davies and Charlie Mingus at the cutting edge). It was time to experiment, and much of what resulted was termed ‘psychedelic’”. (Michael Evans, baixista, Dezembro 2008)
Veteranos da cena ‘mod’, onde em meados dos anos 60 com Red King, integraram os relativamente bem sucedidos The Action, os Mighty Baby foram uma das mais apreciadas bandas no underground inglês entre 1968 e 1971.
Frequentemente referidos como “the english Grateful Dead”, Roger Powel, Mick Evans, Martin Stone, Ian Whiteman e Alan King, justificavam o epíteto pela forma como em palco transformavam as composições em longas suites nas quais cabiam o rock, o jazz, o folk e, já no final, também o country ( são célebres os 16 minutos de “A blanket in my Muesti”, tema que interpretaram no Festival Glastonbury em Junho de 71, parte integrante de “Revelations”, o disco que documenta o evento).
Apenas com dois álbuns de estúdio no curriculum – o clássico do psicadelismo inglês “Mighty baby” de 1969 e “A jug of love” de 1971, este já não disfarçando a influência de “Music from the big pink” da Band -, faltava no histórico do grupo um registo que comprovasse o que se tem dito e escrito sobre a arte de improvisação do colectivo.
Depois de algumas tentativas falhadas e alguns bootlegs pelo meio eis que “Live in the Attic” vem colmatar a lacuna. Captados em 1970, entre a fase psicadélica e a aproximação à linguagem americana, os temas nesta edição recuperam 3 inéditos gravados ao vivo e outros 5 em estúdio.
“Now you see it”, “Stone Unhenged” e “Sweet mandarin” foram registados no palco do Lanchester College na primeira parte de um concerto onde também estiveram os Love de Arthur Lee e permitem analisar todo o ADN da banda. Desde logo a liderança exercida pela bateria de Roger Powel, mas também as teclas e a flauta de Ian Whiteman ou as guitarras melódicas e sempre discretas de Martin Stone e Alan King.
À data Mighty Baby constituía um extraordinário colectivo de músicos, uma evidência que se volta a confirmar em “Now you don’t” composto por 4 andamentos improvisados num estúdio de Londres e que, apesar de terem sobrevivido todos estes anos numa cassete, patenteiam uma inquestionável qualidade áudio.
“Live in the Attic” encerra pois um documento histórico de relevante importância. As principais fases percorridas por este grupo seminal estão agora disponíveis ( faltará a recuperação digital de “India”, a composição de Coltrane que os Mighty Baby gostavam de tocar em palco ) e estabelecidas as pontes para “If man but knew” , o disco que gravaram como Habibiyya, depois de visitarem Marrocos e de Richard Thompson os ter recrutado para o sufismo.
Entretanto e pelo caminho, enquanto “session men” os Mighty Baby acrescentaram talento e engenho a alguns dos trabalhos mais significativos de Keith Christmas, Robin Scott, Gordon Smith, Sandy Denny, Richard Thompson, Gary Farr, Andy Roberts ou Shelagh McDonald.