16/03/09

Psychic Ills "Mirror Eye"


O concerto lisboeta dos Psychic Ills no Outono de 2007 não constituiu uma das noites mais memoráveis da Zé dos Bois. “Dins”, à data o disco mais recente dos nova-iorquinos também não havia impressionado especialmente. Apesar disso sentia-se existir ali margem de progressão suficiente para encarar o futuro de forma menos circunspecta.

Esperava-se bastante, talvez em demasia, de Psychic Ills. O que “Mirror Eye” vem mostrar é todavia pouco mais do que já conhecíamos.

Os drones omnipresentes, sobrepostos em algumas melodias pouco estruturadas. Colagens que soam artificiais quando se esperavam orgânicas. Uso porventura excessivo da improvisação e a já habitual navegação planetária que, através das guitarras ou dos loops de sintetizador, nos transporta num ápice das sonoridades serpenteantes do Médio Oriente, para a África tribal com passagem fugaz pelo experimentalismo de Nova Iorque.



Em temas como “Mantis”, “I take you as my wife again” ou “Fingernail tea”, “Mirror Eye” deixa também perceber uma equação mal resolvida, particularmente na identificação do destino a atingir e no melhor caminho para lá chegar.
Na opção entre: o orgânico e o sintético, o krautrock e o avant-rock, o experimental e o psicadélico, e/ou uma fusão entre todos eles, reside a chave para a resolução do impasse criativo dos Psychic Ills. “Mirror Eye” é apenas e tão só o espelho da presente hesitação.