Seguida pelo meu radar desde que a ouvi cantar pela primeira vez em “A Garland of Song” dos Owl Service, Nancy Wallace acaba de publicar o seu primeiro álbum “Old Stories”.
Natural de Suffolk, Wallace é actual frequentadora do circuito folk londrino. Divide o tempo entre a participação na Memory Band, a intervenção vocal nos citados Owl Service e a recente incursão a solo, que de resto já tinha valido o EP “Young hearts”.
O que mais impressiona e seduz em “Old Stories” é a recuperação de uma beleza antiga; através de uma desarmante simplicidade, a qual tem tudo a ver menos com a velocidade, a irrelevância e o ruído do mundo de hoje. Nesse aspecto particular, o CD faz jus ao título pois não parece deste tempo.
Escorada na guitarra acústica, concertina, acordeão, ukelele e harmonium, aqui e ali acompanhados por um banjo ou um violino, Nancy aderiu aos melódicos mas espartanos princípios que as vozes de Shirley Collins e Anne Briggs definiram há quatro décadas.
Recorrendo aos temas tradicionais com parcimónia ( dois terços das canções são originais da cantora ), Wallace obtém um assinalável equilíbrio entre a vertente popular e o grau de sofisticação necessário para fazer ouvir esta música sem que soe datada.
Nem todos o conseguem como é sabido. Basta olhar para a chamada cena “freak-folk”, repleta de equívocos, que muitos promovem e demasiado poucos questionam. Daí que o Atalho saúde e recomende projectos como o de Nancy Wallace, de Kelli Ali e, um pouco mais lá atrás, de Meg Baird ( Espers ), cujo CD de 2007 “Dear companion” é também de consulta obrigatória.