Imperturbáveis, por entre nuvens de chuva ácida, os Grails continuam a sua viagem cósmica em direcção à Supernova mais próxima.
Depois de “Burning off impurities” se ter alicerçado em estruturas orientais e no pós-rock psicadélico, “Doomsdayer’s Holiday” procura trajectórias porventura ainda mais ousadas.
“Reincarnation Blues” fornece o tom. Abre com ondas de sons radicados no médio oriente, eleva-se em picos de heavy-rock, desliza por entre o emaranhado das cordas da sitar. Mais à frente, no espaço “Predestination Blues”, recupera as coordenadas, - depois do quase interstício drone que é “The natural man”- e faz deslocar o epicentro da tempestade cósmica para os vales e planaltos da Turquia rural.
“Reincarnation” e “Predestination Blues” são os dois temas âncora de um trabalho de sonoridade invulgarmente ampla e registo conciso ( apenas cerca de 38 minutos de duração é coisa hoje rara num CD ). Que não termina sem que “Acid rain”, por via da matriz sonora Pink Floyd, nos conduza às imagens outrora exóticas de “La Vallée”, o filme pioneiro que Barbet Schroeder realizou em 1972 na planícies da Nova Guiné e a que os Floyd juntaram o som ocre de “Obscured by clouds”.
Não se deixem enganar pela débil impressão que fica da primeira audição. “Doomsdayer’s Holiday” é um registo notável, quer pela pulsão experimental, quer pela convicção performativa.