Existiam fundadas e justificadas expectativas relativamente a esta colaboração.
Masaki Batoh lidera há cerca de 20 anos o colectivo japonês Ghost, um projecto orientado para o avant-psych mas com repetidas e significativas incursões na folk. Natural da Suécia, Helena Espvall tem vindo a percorrer os trilhos do experimentalismo, do wyrd-folk, tem colaborado com Bert Jansch e há um par de anos integra os Espers, a banda que o americano Greg Weeks utiliza para renovar o vocabulário e sons do folk de inspiração celta, tal como a Incredible String Band os concebeu.
Tendo presente a expectativa que envolveu o projecto e o currículo dos músicos “Helena Espvall & Masaki Batoh” sabe a pouco. Resultará apenas como um conjunto de temas tradicionais escandinavos, intercalados por uma mão cheia de curtas improvisações de cariz pastoral e/ou medieval.
É notório o desequilíbrio. Há demasiada Helena Espvall e muito pouco Masaki Batoh ( bastará regressar ao magnífico “Damon & Naomi with Ghost” para se aquilatar da qualidade e da importância do guitarrista japonês ). Logo, o plano inclina-se indesejavelmente em direcção a Joanna Newsom, Marissa Nadler, Josephine Foster ou CocoRosie, o que como muito boa gente já percebeu não é de todo um bom sinal.
As atmosferas místicas, imagem reflectora de Batoh, tinham tudo para casar com as paisagens medievais aqui exploradas por Espvall, porém a inesperada fragilidade dos arranjos deixa no ar uma sensação de insegurança que acaba por comprometer as intervenções de um músico experimentado e versátil como Batoh.
Do conjunto, emergem “The Beautiful Crystal” ( muito bom o trabalho de guitarra da sueca ),”Death letter” um tema de Son House adaptado e interpretado por Masaki e “Uti Var Hage” uma canção tradicional da Suécia onde o conjunto das duas vozes e o filigranar das guitarras eléctricas se aproximam dos patamares de beleza e melancolia que caracterizam as criações do japonês.
Talvez a soma das duas personalidades resulte melhor em palco …