“Mudcrutch”, o disco que acaba de lançar com a banda homónima ( a primeira que liderou no inicio dos anos 70 em Jacksonville, na Florida ), está fora do âmbito definido para este espaço de divulgação. Mas, caramba, ninguém é perfeito e “Mudcrutch” faz por merecer a inclusão.
Temporariamente fora de cena, os Heartbreakers dão agora lugar aos referidos Mudcrutch ( afinal , três quintos nos Heartbreakers ). E, para além de alguns pormenores formais ( Petty deixou a guitarra e passou para o baixo ), as diferenças são quase imperceptíveis. “Mudcrutch” é subtil, vertiginoso, derivativo, enérgico. Como quase todos os registos de Petty.
Para abreviar: a versão de “Shady grove” deveria ser estudada em todas as escolas de música públicas e privadas, particularmente as intervenções das guitarras de Mike Campbell e do piano de Benmont Tench; “Scare easy” e “Bootleg flyer”, directas já para uma edição actualizada do “Greatest Hits”; “Oh Maria” poderia ser um “outtake” do pastoral “Southern Accents”; “Lover of the Bayou” tem aqui a versão mais abrasiva e demolidora que conheço do tema de Roger McGuinn.
“Crystal river”, na construção e na duração ( 9 m 30 s ) constitui um dos títulos menos ortodoxos do “songbook” de Petty. Algo me diz que alguém nos Mudcrutch esteve a ouvir “The end” dos Doors antes da sessão de gravação ter inicio. Talvez no carro, a caminho do estúdio …
O carro. A estrada. Locais e ambientes perfeitos para escutar Tom Petty.