Os famosos 15 minutos de fama que falava Andy Warhol já lá vão. São passado. Na música moderna já não se procuram os tais 15 minutos, basta um “sound bite”; uma birra relacionada com a cor do verniz das unhas, a ideia de lançar um disco na net por meia dúzia de cêntimos, simular um corte com o sistema e assinar contrato com uma cadeia de cafés, surgir de braço dado com uma estrela de Hollywood… O resto, a música, aquilo que é realmente importante, a razão de ser de tudo isto, não interessa para nada. O sucesso está à partida assegurado por uma competente equipa de marketing e planeamento. É a cultura de irrelevância, como já alguém referiu.
Ocorreu-me esta conversa toda depois de ter escutado de novo o cd de estreia dos The Moon Upstairs. “Guarding the Golden Apple”, estando longe de ser um disco revolucionário é porém uma das edições mais consistentes de 2007. Apesar disso não me lembro de ter lido ou ouvido falar dele, salvo nos habituais fanzines que se movimentam nas margens do alternativo.
Oriundos de Los Angeles, os Moon Upstairs existem desde 2002 e expressam-se através de um rock psicadélico moderno mas de olhar atento sobre o passado. São particularmente elucidativas as influências em Sharif Dumani, o principal compositor: Beatles em matéria de “songwriting”, Pink Floyd ( período Syd Barrett primeiro e “Meddle”/”Obscured by clouds” a seguir ), Brian Epstein, Jack Nietzsche, Scott Walker ou Left Banke, pelos arranjos e orquestrações.
Neste campo as atmosferas luxuosas que enquadram “The Sun, the Moon and the Sky”, “Sogomiac, the Moon destroyer” e “My love” sugerem ainda um fascínio pelo barroco, fórmula compreensível do ponto de vista de quem se propõe abordar tão vincadamente o tema dos arranjos de cordas.
No mais, “Guarding the Golden Apple” espalha ondas de inteligência, assinalável bom gosto e um discurso formal que, repito, não sendo inovador recupera o que de mais interessante as várias escolas do pop do final dos anos sessenta início de 70 deixaram em legado.
Dito isto, “Guarding the Golden Apple” é mais um conjunto de temas para fãs de John Lennon, Pink Floyd ou Mercury Rev e menos um disco para adeptos de Quicksilver Messenger Service, Mad River ou Wooden Shjips.