22/07/08

Big Brother and the Holding Company "The Lost Tapes"



The Lost Tapes”, ou a arqueologia aplicada aos Big Brother and the Holding Company. Segundo os cronistas da época, no final de 1967, quando a Mainstream Records, cavalgando a onda de sucesso que resultou da performance da banda no festival de Monterey, se preparava para publicar o primeiro álbum – “Big Brother & The Holding Company” -, o grupo tentou opor-se , alegando que as fitas já não correspondiam à sua condição técnica e artística. Tinham razão, como se pode comprovar um ano após com a edição de “Cheap Thrills” ( gravado ao vivo em Março de 1968 ).

Admitindo que a edição “The Lost Tapes” foi licenciada pelos membros sobreviventes da banda, a sua publicação só se compreende por razões históricas. Arqueológicas, lá está.

As informações sobre a origem, data e enquadramento das gravações ao vivo reunidas em “Lost Tapes” são nulas. Um facto sempre irritante neste tipo de edições. No entanto, face ao carácter espartano dos arranjos e perante uma técnica instrumental ainda embrionária, tudo aponta para que estas fitas datem do verão de 1966, logo após a entrada de Janis Joplin para o grupo.

Aqui o termo de comparação poderá ser “Cheaper Thrills” uma compilação que a Made to Last primeiro e a Rhino logo após, publicaram em 1984/1985 e que registava extractos de um concerto gravado em Julho de 1968.



( Grande Ballroom, Detroit, 1968, Autor Gary Grimshaw )


Dos 12 títulos inéditos ( eu diria versões inéditas ) que compõem o primeiro CD de “Lost Tapes”, saliento pela consistência as interpretações de “All is loneliness” ( na origem um madrigal escrito por Moondog para o álbum “Moondog 2” ), “Light is faster than sound” e “Turtle blues”, três dos temas com que os Big Brother viriam a contribuir para a criação do paradigma da música de São Francisco.

O segundo CD é também um conjunto de temas captados ao vivo muito provavelmente em data posterior, pois o grupo evidencia uma maior dinâmica instrumental e Joplin assegura já a maioria das vocalizações, em contraste com o que sucedia nas fitas de 1966.

Concluindo, “The Lost Tapes” é uma edição claramente apontada aos incondicionais de Janis Joplin e demais adeptos de Big Brother and the Holding Company. Quanto aos restantes interessados no “psychedelic rock” de São Francisco, ousaria repetir uma evidência: os Big Brother nunca foram uns Jefferson Airplane e Joplin esteve sempre longe de Grace Slick…