04/06/08

Wooden Shjips "Wooden Shjips"



Confesso que inicialmente tive dúvidas acerca da banda californiana Wooden Shjips. Demasiado ruído em torno de um colectivo com apenas dois singles no activo. Nos tempos que correm nunca é um bom presságio.

Regra geral, as “next big things” não são compatíveis com este tipo de folclore. Depois, a insistência em narcotizar o som desta banda ( ou de outra qualquer ), também não representa um bom cartão de visita. Por norma constitui um tipo de promoção fácil e oportunista.

Não conhecia portanto em detalhe os Wooden Shjips. Até à publicação do álbum homónimo. Aí, fiquei convencido.

Estruturalmente o quarteto de São Francisco é adepto do quanto mais simples e económico, melhor. Ouvidos os temas do álbum, mais os singles que produziu até ali ( a edição original do CD era acompanhado por um slipcase com seis títulos publicados em single, entre eles os lados A e B de “Dance California” e “Shrinking Moon for you” ), só se pode chegar a essa conclusão.

De resto, o que se esperava – tendo por base o que entretanto se leu -, não é de todo o que se ouve. Aguardava-se um festival de pirotecnia do estilo “ I love the smell of napalm in the morning “ e recebe-se um disco de emoções vibrantes mas contidas, alicerçado em meia dúzia de acordes.

Wooden Shjips” poderá ser uma das definições da música psicadélica americana deste tempo. Sonoridade tipicamente californiana, aguarelas electrónicas herdadas dos Suicide, o magnetismo dos Doors, os riffs de “White light, white heat”, as incursões galácticas dos Spacemen 3, um certo mimetismo Stooges à la “I wanna be your dog” e, por fim, uma paixão indisfarçável pelas bandas japonesas do psych-rock dos anos noventa.

Dito isto, e apesar disto, os Wooden Shjips são um dos grupos mais originais em actividade. Combinam o que de melhor a electrónica pode oferecer com a emotividade que só os músicos e os instrumentos tradicionais (guitarra, baixo, bateria, órgão ) conseguem transmitir.

A única fragilidade que detecto em “Wooden Shjips” é a curta duração, cerca de 33 minutos. Uma “falha” que pode ser facilmente colmatada com a audição de “Volume 1”, uma edição recente que recupera os temas publicados em single, incluindo “Summer of Love” que não tinha sido contemplado na anterior edição limitada.