26/05/08

Lunar Dunes "From above"


Oriundo de Londres, o colectivo Lunar Dunes cujo cd de estreia “From above” principia a ser referido nos corredores do underground, é formalmente influenciado pela escola krautrock , pelo psicadelismo californiano e, em apreciável grau, pelo folk.

Completamente instrumentais, as sonoridades emergentes dos Lunar Dunes remetem-nos directamente para Dusseldorf período 1972, Los Angeles 1970, Dublin ou Oxford 1968.

Só aparentemente díspares, os vários universos interligam-se na abordagem que o trio faz ao space-rock, ao folk britânico ou ao psicadelismo com aguarelas de jazz tal como o pintaram os Spirit em “Clear” ou “The family that plays together”.

From above” arranca algo inócuo, mas desperta em “Herzegovina”, uma adaptação formato kraut para “Le petit chevalier” a melodia pueril que Nico compôs em “Desertshore”. “The todal gleeps” patenteia a influencia Can/Amon Duul. “When I was on horseback” ( uma melodia popular recuperada em 1972 pelos Steeleye Span em “Ten man mop” ) coberta de vestes espaciais surge quase irreconhecível , enquanto “Scissorbel” usa o xilofone em registo drone enquanto a guitarra de Adam Blake serpenteia por entre o espaço que resta.

O verdadeiro momento é porém a adaptação do tradicional do Ulster “My Lagan Love” São conhecidas as várias adaptações do tema (Richard & Mimi Farina, Van Morrison, Kate Bush, Sinead O’Connor ) a mais inesquecível será talvez “Quiet joys of brotherhood” a versão acapella que Sandy Denny imortalizou a partir do poema de Richard Farina.
From above” tem em “My Lagan love” a sua pièce de résistance. Adam Blake soube reescrever o tema, manipulando com engenho o crescendo da guitarra até atingir a incandescência perto do final.

No conjunto, um registo muito interessante quer nas referências que fixa ( o cantor Damo Suzuki juntou-se à banda para um par de concertos ) quer no desiderato obtido. E, além do mais, o número de vezes que a guitarra de Blake me recordou Randy California, cria expectativas adicionais.

Destaque último para o design da capa, mais uma criação de Iker Spozio, artista, ilustrador e designer do origem italiana, um talento emergente e cujo percurso futuro merecerá ser acompanhado.