31/01/22

Lenny Kaye "Lightning Striking"

 


Recording sessions in Hawai dilute Quicksilver’s (Messenger Service) essence and motivation, and Cipollina begins to seem a distraction rather than a linchpin of their sound. He leaves the band in October 1970, on the same night at Winterland thar Marty Balin departs Airplane, and news of Janis Joplin’s death reaches the stunned audience, an epitaph for the San Francisco Sound in the making. John’s renown is such that the Welsh group Man flies him to the London Roundhouse in May 1975 to replicate his bar shivers for a live album. True to form, he is out of tune, as if tuning matters in his moving target of temperament . He is my favorite guitarrist. What more can I say?”  ( Lenny Kaye in “Lightning Striking” )

Após ter lido estas linhas no recém publicado livro de Lenny Kaye, a admiração que já dedicava ao braço direito de Patti Smith, ao artista e ao crítico, cresceu exponencialmente. Um privilégio que humildemente dedico a todos os que, como o Atalho, não prescindem do legado de John Cipollina.



Curiosamente o texto acima não me encaminhou para qualquer dos seus trabalhos com os Quicksilver, antes para a referida colaboração com os Man, a banda galesa de que muitos ouviram falar, mas poucos conhecem verdadeiramente.

E foi um prazer inesperado voltar a “Maximum Darkness”, o resultado da actuação no Roundhouse a 26 de Maio de 75. Dois guitarristas virtuosos; num dos lados Micky Jones, no outro Deke Leonard e ao meio, ao meio, aquele vibrato, aquele som inimitável e irrepetível que tornou Cipollina lendário. Não será seguramente o melhor álbum dos galeses e Cipollina já não serpenteava por “Codine” como outrora, mas representa um testemunho de inegável valor artístico e histórico, o momento único em que três enormes guitarristas partilharam o mesmo palco em simultâneo. No final, de regresso ao presente, a desagradável sensação de saber que nenhum dos três já se encontra entre nós.



Quanto a “Lightning Striking” revela-se uma obra extensa e densa. Fruto do conhecimento enciclopédico do autor e resultado de uma gigantesca tarefa em matéria de pesquisa e investigação.  Os factos, artísticos e/ou sociológicos são colocados no respectivo mapa e datados com minucioso rigor. Nesse campo, diria, a leitura é agradável e fluida. Sê-lo-á menos nos sectores em que Kaye se deixa enlear em elucubrações idiossincráticas que nos trazem à memória “Lipstick Traces” e a tentativa de Greil Marcus de geminar a pose dos Sex Pistols com o movimento da Internacional Situacionista.   


A boa notícia é que “Lightning Striking” pode ser lido por etapas, épocas ou, se quisermos, por movimentos e estilos musicais, uma vez que a organização dos capítulos isso permite. A saber: Cleveland 1952 / Memphis 1954 / New Orleans 1957 / Philapdelphia 1959 / Liverpool 1962 / San Francisco 1967 / Detroit 1969 / New York City 1975 / London 1977 / Los Angeles 1984, Norway 1993 / Seattle 1991.

Terão ficado algumas pedras por virar. Desde logo o movimento folk britânico dos 70s ou o período áureo dos singer songwriters, mas essas, tal como o sub-título do livro induz, não serão as praias favoritas de Lenny Kaye.



Acompanhando a edição do livro, autonomamente foi publicado um duplo CD compilado por Kaye e Alec Palao e que do ponto de vista sonoro ilustra muito do que se pode ler no livro.