26/12/21

Jardins do Paraíso ( LXXII )

 


Ainda no seguimento do comentado no post anterior, assinalar uma nova reedição de um dos mais extraordinários álbuns publicados em 1971, “Hush”.

Naturais de Sydney, os Colins, Drysden e Campbell formavam um duo que em meados dos 60s actuava nos clubes folk da cidade. Em 1969, com a chegada de Shayna Karlin, Bob Lloyd e Jim Stanley, o colectivo adoptou o nome de Extradition, permanecendo no centro do  circuito folk australiano.

Dois anos volvidos a núcleo da banda sofre alterações, fruto da permanente colaboração de alguns dos seus membros com músicos da banda Tully e vice-versa. Quando em 1971 “Hush” foi publicado, quase de forma incógnita, os Extradition já não existiam enquanto projecto. Campbell e Shayna já estavam de corpo e alma nos Tully, cujo álbum “Sea of Joy” é também ele um disco icónico e de escuta obrigatória.



Nos tempos que correm, “Hush” seria provavelmente considerado um disco “acid-folk”, encontradas similitudes que remeteriam para ISB, Pentangle ou Synanthesia. Não pretendendo branquear estas ou outras eventuais influências, dir-se-á que “Hush é mais um álbum de “free-folk”, uma obra especial e diferenciada que, por isso mesmo,  não tinha muito por onde ser comparada.

Trata-se de um álbum que valoriza o silêncio, releva a tradição musical britânica, mas em simultâneo respeita os valores regionais, estabelecendo pontes entre sonoridades ocidentais e orientais, facto patente na utilização equilibrada de instrumentos oriundos de ambas as culturas musicais.

As vocalizações de Shayna Karlin são inqualificáveis de tão belas  e os temas, sobretudo os assinados por Colin Campbell, sem a mínima ponta de exagero, superlativos - a conferir por exemplo em “I Feel The Sun” ( recuperado mais tarde no álbum “Sea of Joy” dos Tully ), “Ice”, “A Water Song” ou “Minuet”.

É altamente provável que este disco nunca tenha sido objecto da atenção que merece. O facto de ter sido publicado em 1971, é, sublinha-se, apenas uma mera coincidência.