Um texto num fanzine de referência e o design da capa convenceram-me.
Tratando-se de uma prensagem privada a tarefa parecia complicada. Para evitar preços
especulativos havia que chegar ao autor. Mais fácil do que à partida receei.
Scott Seskind tem uma história intensa e plena de interesse. Intui-se
de imediato na forma como descreve o seu percurso de vida e na forma como privilegia
valores em detrimento de efemeridades.
A confirmação chegou, primeiro através da nota que consta da
contracapa do álbum homónimo ( datado de 1985 ) e, logo a seguir, na consistência
que emana das 13 canções que integram o disco.
Sóbrias e absorventes, revelam um autor atento à substância das coisas mais do que à espuma dos dias. Uma escuta atenta dos temas “This is my Country” e “Bobby Sands” ( este dedicado ao militante norte irlandês falecido na prisão em 1981 após prolongada greve da fome ) é prova cabal do que atrás fica escrito.
Das restantes canções emanam outras experiências de vida e,
na sua enorme simplicidade, emocionam e cativam em simultâneo.
“Scott Seskind” foi na época favoravelmente recebido pela
imprensa local; no caso Denver, Colorado. Scott recorda-se inclusive de ter actuado
em palco, nomeadamente fazendo as primeiras partes de John Cale, Jorma Kaukonen,
Gil-Scott Heron ou John Hiatt, mas o facto de não ser músico profissional, de
não ter uma editora que o promovesse e uma tiragem limitada do álbum ( 1000
exemplares ), não ajudaram.
“Scott Seskind” pode não ser a sarça ardente ou um pilar de
luz, mas decididamente, fica.