18/04/21

Scott Seskind "S/t"

 


Um texto num fanzine de referência e o design da capa convenceram-me. Tratando-se de uma prensagem privada a tarefa parecia complicada. Para evitar preços especulativos havia que chegar ao autor. Mais fácil do que à partida receei.

Scott Seskind tem uma história intensa e plena de interesse. Intui-se de imediato na forma como descreve o seu percurso de vida e na forma como privilegia valores em detrimento de efemeridades.  

A confirmação chegou, primeiro através da nota que consta da contracapa do álbum homónimo ( datado de 1985 ) e, logo a seguir, na consistência que emana das 13 canções que integram o disco.

Sóbrias e absorventes, revelam um autor atento à substância das coisas mais do que à espuma dos dias. Uma escuta atenta dos temas “This is my Country” e “Bobby Sands” ( este dedicado ao militante norte irlandês falecido na prisão em 1981 após prolongada greve da fome ) é prova cabal do que atrás fica escrito.

Das restantes canções emanam outras experiências de vida e, na sua enorme simplicidade, emocionam e cativam em simultâneo.

Scott Seskind” foi na época favoravelmente recebido pela imprensa local; no caso Denver, Colorado. Scott recorda-se inclusive de ter actuado em palco, nomeadamente fazendo as primeiras partes de John Cale, Jorma Kaukonen, Gil-Scott Heron ou John Hiatt, mas o facto de não ser músico profissional, de não ter uma editora que o promovesse e uma tiragem limitada do álbum ( 1000 exemplares ), não ajudaram.


Em “Letters to YeseninJim Harrison escreveu: “Hoje tenho vontade de me amarrar a uma árvore, de plantar os pés na terra para nunca mais me separar dela, não aconteceu como a sarça ardente ou um pilar de luz, mas decidi ficar”.  

Scott Seskind” pode não ser a sarça ardente ou um pilar de luz, mas decididamente, fica.