Já aqui se falou de Jay Bolotin, um dos segredos melhor guardados da música americana da primeira metade dos 70s.
Admirado e elogiado por Ginsberg,
Kris Kristofferson, Mickey Newbury, Merle Haggard, Dan Fodelberg ou David Allan Coe ( os dois últimos
gravaram inclusivé canções suas ), Bolotin dividiu o seu talento entre a música
a arte visual. Ao que se sabe, nunca se sentiu muito à vontade perto dos
holofotes do show business, preferindo o contacto com a natureza como leitmotiv
das suas criações.
Perfeccionista ( algo que se percebe quando se analisa a
estrutura das suas canções ), afirmou em tempos que lhe era mais difícil e
penoso escrever uma boa canção que conceber e concluir uma escultura.
O álbum homónimo que publicou em 1970 é uma pérola que coloca
Bolotin num patamar próximo de Gordon Lightfoot, David Blue ou Paul Siebel.
Canções honestas, literatas, adornadas
por um soft folk-rock modelado pelos grandes espaços do interior, distante dos padrões vigentes em Los Angeles.
“No One Seems To Notice That It’s Raining” disponibiliza um
conjunto de canções inéditas ( 13 ), gravadas entre os anos de 70 e 75 em Nova
Iorque e Nashville e só recentemente descobertas.
Ao escutá-las retoma-se a certeza de que Bolotin poderia, se
o tem querido, ter sido um dos nomes grandes do singer songwriter americano da
época.
As gravações de 70 na Hit Factory em Nova Iorque estão
próximas do padrão que emerge do álbum desse ano. As gravações posteriores ( 72
a 75 ) levadas a cabo
em Nashville quando o autor já habitava no Kentucky revelam uma personalidade
mais introspectiva, resultado provável da influência que a paisagem rural exercia sobre o compositor.
São, quer umas quer outras, absolutamente fantásticas. E é um
inesperado privilégio poder escutá-las, ainda por cima servidas por uma irrepreensível
qualidade áudio que não é normal encontrar em fitas com cerca de 50 anos.