Duo constituído por Sven Froberg e Frederick
Persson, os The Greek Theatre
são oriundos de Estocolmo e praticam o mais inspirado neo–psicadelismo a que a
Europa continental pode aspirar.
À semelhança do que uma outra dupla, os britânicos Chemistry Set, desenhou na primeira
década do século, a planante música dos suecos é um verdadeiro tricot de
influências sendo que, à habitual cromaticidade resgatada ao espólio dos Beatles, adicionam a vertigem
caleidoscópica do psicadelismo californiano, em particular o que foi imortalizado
pelas guitarras de Garcia e Cippolina.
Em “Fat Apple (All about Noon)”, a abrir o recém editado
segundo álbum “Broken Circle, Froberg e Persson dizem ao que vêm; um quase
épico que percorre os grandes espaços sinfónicos outrora ocupados por Camel e Caravan até atingirem um território onde as guitarras gémeas de
Jerry Garcia e Bob Weir esculpiram o psicadelismo.
“Paper Moon” acentua a delicadeza do discurso; as várias
guitarras cruzam a melodia em todas as direcções , num minucioso trabalho de
ourives que a produção salienta. “Broken circle” é puro “countryside”, enquanto
“Stray Dog Blues” parece ter saído daquele casulo de melancolia que os Mercury
Rev teceram em “Deserter’s Songs”. Por cima de um órgão que já conhecíamos de “Live
at Pompeii”, as guitarras ácidas regressam com o tema título e, entre o
psicadélico e o progressivo, as vozes gregorianas deixam no ar uma extravagante
atmosfera vizinha do gótico.
Um disco extraordinário que conduz à chamada pergunta de um
milhão de dólares: será possível reproduzi-lo em palco?