Apesar de não ter gravado uma única canção durante mais de 30
anos, Shirley Collins permaneceu
sempre a grande Dama do folk inglês. Sandy
Denny é passado e June Tabor, embora grande, não atinge aquele
patamar.
Nos dias de hoje trata-se de algo quase incompreensível. Mas
há coisas que não se explicam, sentem-se apenas. Aparentemente ultrapassados os
problemas de saúde que a impediram de cantar durante décadas, “Lodestar”,
é o primeiro disco novo desde 1979. Uma perfeição. As canções pairam sobre uma
atmosfera mágica.
Um dos grandes talentos de Collins foi saber, no momento
certo, escolher as canções que, observando
a tradição, serviam igualmente a sua voz. Esta já não tem a frescura de outrora;
está mais grave, profunda, naturalmente envelhecida. Não obstante, o dom
interpretativo continua a impressionar, pela convicção e autenticidade.
O resto, depois do talento, é bom gosto, simplicidade e
singeleza. Tal qual a tradição ancestral desta música, cujas canções não
necessitam de grandes arranjos ou acompanhamentos. Muitas das vezes o
“acapella” bastou para sobreviverem à história.