12/04/16

Jardins do Paraíso ( XXXXIX )



Por cada disco que trepa os tops, existem algures três ou quatro pérolas que passam ao lado da história. A história da música popular está repleta de casos destes.

Um exemplo:  Parable” dos White Light.

Publicado em 1974 através de uma edição privada, o álbum é uma preciosidade e um dos grandes discos saídos da Escócia na primeira metade dos 70s. Catalogada de ‘christian rock’, a música deste quarteto de Glasgow, ainda que faça amplo uso do órgão ( tal como os contemporâneos e compatriotas Beggar’s Opera ) tinha mais pontos de contacto com o universo de Pete Townshend ou Ray Davies.

Transversal a todo o álbum, a vertente espiritual é caldeada pelas guitarras em fuzz, pela sonoridade blues garage e por um psicadelismo que à época, no auge do progressivo, terá sido sinónimo de anacronismo.

Por essa razão ou não, “Parable” não descolou. Injustamente, pois é um tremendo disco. O longo épico “Prodigal” terá encontrado inspiração em “Tommy”, “Where did I belong” tem tudo o que John Mayall costumava aportar ao blues e a versão de “Awaiting on you all” remete para esse monumento que é “All things must pass” de George Harrison.

No final, estamos aqui a falar de uma urgência com mais de quatro décadas.