19/12/15

Lynched "Cold old fire"




Os rumores começaram a circular no inverno de 2013. Transformaram-se em noticia em Maio do ano passado, quando o cd “Cold old fire” foi publicado. Os responsáveis por toda esta agitação dão pelo nome de Lynched.

Dubliners,  inspiram-se nas memórias de Sweeney’s Men e  Woods Band, na beleza ancestral das ”irish sea songs”, enquanto em simultâneo revisitam o ecletismo cósmico da secular Incredible String Band.  Colam tudo isto com aquela energia anárquica que ainda hoje faz dos Pogues uma agradável recordação. Dito doutra maneira, com “Cold old fire” o quarteto de Dublin  produziu seguramente o mais excitante disco de música tradicional irlandesa desde há muitos anos.

Recém reeditado pelos próprios, em vinil e sob a forma de um duplo álbum, “Cold old fire” é um disco tão mágico quanto aditivo. Simples como só a tradição sabe ser, as audições preliminares  deixam a pairar uma discreta sensação de “dejá vu”, como se em 2014, Robin Williamson e Mike Heron regressassem ao futuro e nos presenteassem com uma das suas seus melhores colaborações.


Depois, audição sobre audição, tudo parece fazer sentido. As canções, lamentos sob a forma de baladas ou lendas cantadas “acapella”,  desfilam como gravuras antigas e torna-se quase impossível não mergulhar nos episódios da história que cada uma delas conta.

E, diria, todas têm uma história para contar, inclusivé “Cold days of February”, recuperada ao espólio de Robin Williamson / I S Band. Concretizar outros destaques seria no mínimo arriscado, “Cold old fire” resulta bem como conjunto ( de canções, histórias, ambientes, vocalizações ) e é aí que reside toda a sua beleza e extraordinária consistência.