Os rumores começaram a circular no inverno de 2013.
Transformaram-se em noticia em Maio do ano passado, quando o cd “Cold
old fire” foi publicado. Os responsáveis por toda esta agitação dão
pelo nome de Lynched.
Dubliners, inspiram-se nas memórias de Sweeney’s Men e Woods Band,
na beleza ancestral das ”irish sea songs”, enquanto em simultâneo revisitam o
ecletismo cósmico da secular Incredible
String Band. Colam tudo isto com
aquela energia anárquica que ainda hoje faz dos Pogues uma agradável recordação. Dito doutra maneira, com “Cold
old fire” o quarteto de Dublin
produziu seguramente o mais excitante disco de música tradicional
irlandesa desde há muitos anos.
Recém reeditado pelos próprios, em vinil e sob a forma de um
duplo álbum, “Cold old fire” é um disco tão mágico quanto
aditivo. Simples como só a tradição sabe ser, as audições preliminares deixam a pairar uma discreta sensação de “dejá
vu”, como se em 2014, Robin Williamson e Mike Heron regressassem ao futuro e nos
presenteassem com uma das suas seus melhores colaborações.
Depois, audição sobre audição, tudo parece fazer sentido. As
canções, lamentos sob a forma de baladas ou lendas cantadas “acapella”, desfilam como gravuras antigas e torna-se
quase impossível não mergulhar nos episódios da história que cada uma delas
conta.
E, diria, todas têm uma história para contar, inclusivé “Cold
days of February”, recuperada ao espólio de Robin Williamson / I S Band. Concretizar
outros destaques seria no mínimo arriscado, “Cold old fire” resulta
bem como conjunto ( de canções, histórias, ambientes, vocalizações ) e é aí que
reside toda a sua beleza e extraordinária consistência.