05/11/15

Mark Lanegan "Houston, Publishing demos 2002"




Os chamados “lost albuns” são hoje um nicho de mercado nada despiciendo e, como tal, ocupam cada vez mais espaço nas discografias de muito gente. Nuns casos funcionam como uma alavanca destinada a disfarçar debilidades pontuais,  noutros uma oportunidade para recuperar criações meritórias que por razões que nem os próprios autores conseguem explicar/recordar, foram arrumadas nas prateleiras do esquecimento.

Atente-se em Mark Lanegan. Face à relativa ineficácia das mais recentes produções ( “Phanton Radio”, “Black Pudding”, “Imitations” ) “Houston, Publishing demos 2002” , tal como já havia sido tentado em 2013 com “Has God seen my shadow? ”, é uma espécie de “back on trail”, uma tentativa de reposicionar a carreira de Lanegan no tempo e no espaço em que foi mais apelativa e inovadora; ou seja, no período compreendido entre “Whiskey for the Holy Ghost” ( 1993 ) e “Bubblegum” ( 2004 ). 

E, convenhamos, “Houston” cumpre bem esse papel. Nem todos os 12 temas são inéditos ( “Halcyon Daze” surgira em “Has God seen my shadow” e “Grey goes Black” em “Blues funeral” ), todavia constituem um elegantíssimo conjunto de canções, realidade  a que não é seguramente estranha a presença do ex-Dinosaur Jr. Mike Johnson, um guitarrista sempre presente nas melhores prestações do cantor.

Dito isto, chamem-lhes “demos”, “outtakes” ou canções, o que “Houston” aporta é tão bom ou melhor quanto o que no passado nos trouxeram “The winding sheet”, “Field songs” ou “Scraps at midnight”.