Os chamados “lost albuns” são hoje um nicho de mercado nada despiciendo e, como tal, ocupam cada vez mais espaço nas discografias de muito gente. Nuns casos funcionam como uma alavanca destinada a disfarçar debilidades pontuais, noutros uma oportunidade para recuperar criações meritórias que por razões que nem os próprios autores conseguem explicar/recordar, foram arrumadas nas prateleiras do esquecimento.
Atente-se em Mark
Lanegan. Face à relativa ineficácia das mais recentes produções ( “Phanton
Radio”, “Black Pudding”, “Imitations” ) “Houston, Publishing demos 2002”
, tal como já havia sido tentado em 2013 com “Has God seen my shadow? ”,
é uma espécie de “back on trail”, uma tentativa de reposicionar a carreira de
Lanegan no tempo e no espaço em que foi mais apelativa e inovadora; ou seja, no
período compreendido entre “Whiskey for the Holy Ghost” ( 1993 )
e “Bubblegum”
( 2004 ).
E, convenhamos, “Houston” cumpre bem esse papel. Nem
todos os 12 temas são inéditos ( “Halcyon Daze” surgira em “Has
God seen my shadow” e “Grey goes Black” em “Blues funeral” ), todavia
constituem um elegantíssimo conjunto de canções, realidade a que não é seguramente estranha a presença
do ex-Dinosaur Jr. Mike Johnson, um guitarrista sempre presente
nas melhores prestações do cantor.
Dito isto, chamem-lhes “demos”, “outtakes” ou canções, o que
“Houston”
aporta é tão bom ou melhor quanto o que no passado nos trouxeram “The
winding sheet”, “Field songs” ou “Scraps
at midnight”.