As surpresas encontram-se ao virar da esquina. Acontecem
quando menos se espera. “Whine of the mystic” é um desses
casos.
Oriundos da Nova Scotia, os Nap Eyes são de facto “the
greatest band you’ve never heard”. Numa altura em que pouco ou quase nada
se inventa e tudo se recicla, o quarteto canadiano faz valer a sua mestria neste
difícil enquadramento.
Dito de outra maneira; esteticamente este disco de estreia nada
traz de realmente novo, não obstante é quase perfeito de tão simples. Gravadas
sem “overdubs” ( afirmam ), as nove canções que o compõem são um enorme espelho
retrovisor que nos permite olhar o
histórico de Modern Lovers, Verlaines, The Clean, Go-Betweens ou Pin Group; até
mesmo para o Lou Reed de “Walk on the wild side”.
“Whine of the mystic” ( objecto em 2014 de uma primeira e restrita
edição privada de 200 exemplares ) tem sido catalogado como um “drinking album”.
Excessivamente diria. Os textos de Nigel Chapman resultam da observação do
quotidiano e, não sendo propriamente
pesados, também não são ingénuos. Donde que, as canções, inquietas todas elas,
umas vezes encaixem em Jonathan Richman ou Grant McLennan, outras se aproximem
mais de Lou Reed ou de Peter Perrett.
Tudo ponderado, procurem escutar “Dark Creedence”,
estrategicamente colocado a abrir o álbum. Se nada vos disser, esqueçam. Passem
à frente porque são um caso perdido.