Existem talentos assim. Versáteis. Meg Baird passou pelo colectivo neo-psicadélico Espers, integrou as Baird Sisters, tocou na banda punk Watery Love. Recentemente, ao lado de
Ethan Miller e Charlie Saufley, é dona da
bateria em Heron Oblivion. Um
curriculum invejável para quem anda por aí há pouco mais de 10 anos.
Outros, com muito menos, estariam em bicos de pés. Porém, a
cada disco a solo ( em oito anos são apenas três ) Meg faz questão de deixar
claro que para ela, menos significa mais e que as coisas feitas de simplicidade
são sempre mais belas e perenes.
Depois existe o tal talento. Aquele atributo especial que faz
com que todas as suas canções, ainda que originais, pareçam clássicos da folk,
como sucede no novo “Don’t weigh down the light”.
Este, tal como os anteriores, é uma revelação. Apenas Meg (
voz, guitarra, órgão, piano, baixo e percussão ) e o ex-Assemble Head in Sunsburst Sound Charlie Saufley ( guitarra e órgão
). A voz ainda que discreta, brilha; as canções, envoltas numa atmosfera
antiga, tocam e convidam à cumplicidade;
o órgão confere solidez e a guitarra de Saufley como que fala connosco ( a
comprovar no soberbo “Back to you” ), simultaneamente protagonista e “éminence
grise” da beleza única que emerge de “Don’t weigh the light”.
Coincidência ou não, o disco que apetece escutar a seguir
é “Blue” de Joni Mitchell …