13/03/15

Howlin Rain "Mansion Songs"


Dos Comets on Fire aos Howlin Rain foi um passo de Gulliver. Não necessariamente melhor nem pior. Apenas diferente.


Em 2006, “Howlin Rain” inaugurava uma nova etapa na carreira de Ethan Miller. As experiências avant-psicadélicas dos Comets eram temporariamente suspensas e dava-se inicio a uma efusiva peregrinação ao rock and roll dos 70s. Para surpresa de muitos e escândalo de alguns, Howlin Rain regressava  ao mundo “jurássico” dos Allman Bros, Credence Clearwater Revival, Doobie Bros, John Mayall ou Faces. E a coisa, não só funcionava como dava mostras de ter pés para andar.

Oito anos  e muitos mini épicos depois “Mansion Songs surpreende de novo. Howlin Rain já não o é verdadeiramente. Miller está por sua conta. O que é simultaneamente bom e mau. Mau porque a imagem de marca, o carrocel boogie, está ausente; bom porque Miller pode dedicar-se às suas narrativas favoritas, fusionando as influências da literatura beat com o gospel e o blues.

Titubeante e menos homogéneo que os anteriores, “Mansion Songs” não deixa porém de ser fascinante.  “Big Red Moon” é um blues-rock perdido no Alabama profundo, ainda que a slide-guitar depressa se retire para em “Meet me in the wheat”, dar lugar ao “dirty finger-picking” dos Faces. A combustão é agora lenta e quase se desvanece quando “Coliseum” e “Lucy Fairchild” regressam à memória bucólica de Laurel Canyon. O apelo Fillmore West/San Francisco Sound é demasiado forte e épico final, “Ceiling Fan”, trata de voltar ao trilho completando a quadratura do circulo.

Ainda que atípico, “Mansion Songs” é um disco que motivará todas as reacções, com excepção da indiferença.