13/10/14

Ellie Daniels "Both sides of the coin"



Both sides of the coin é mais um fantástico exemplo de edição privada a que ninguém ligou durante décadas, até que um exemplar aterrou no prato do gira discos de alguém com bom gosto e sensibilidade.

Em 1971, Ellie Daniels era pouco mais que uma adolescente quando compôs e gravou uma dúzia de canções tatuadas pelas dúvidas sobre o intelecto, as emoções ou a sexualidade. Suportadas pela voz, guitarra acústica e ocasional flauta, estas canções, vivem paredes meias com uma melancolia pueril, são um comovente exemplo do que pode a criatividade, mesmo que confinada às quatro paredes do quarto da adolescência.

Podiam ser mais que perfeitas caso tivessem sido objecto de arranjos e produção adequadas? Podiam, mas não seriam tão autênticas. O lamento de “It’s a long long road” não seria tão lancinante, o lirismo de “Song for a wilted rose” perder-se-ia, a versão de “Don’t think twice” de Dylan pouca diferença faria das outras centenas que o tempo esqueceu. E pelo meio coexistem melodias deliciosas como “For Gro”, “How many miles” ou “Doctor Man”, a última escrita pelo quase famoso Livingston Taylor.

 Numa época em que Laurel Canyon era o centro do mundo e as rádios se alimentavam de Joan Baez, Dylan, Neil Young ou Joni Mitchel, era difícil alguém prestar atenção a Ellie Daniels. Não obstante, “Both sides of the coin” soube envelhecer e mais de quatro décadas volvidas manteve a patine em que as emoções o envolveram.