15/08/14

Watter "This world"



Em modo atmosférico e algo misterioso, os 60 segundos iniciais de “This world” evocam a abertura de “Obscured by clouds”. Depois, ao contrário dos Pink Floyd, que blindaram o tema do álbum homónimo através de cascatas eléctricas e espessos muros de percussão, em “Rustic Fog”, os Watter optam por paisagens mais serenas, pautadas por um discreto ritmo metronómico. Não será sempre assim ao longo de todo o disco, mas a matriz, essa fica definida. 

Projecto novo integrando Britt Walford ( Slint ), Zak Riles ( Grails ) e Tyler Trotter ( Strike City ), “This World” é um espaço de compromisso entre o psicadelismo visionário dos Grails e o pós-rock pioneiro de Slint. Para além de compatíveis, as duas linguagens revelam-se aqui complementares, contribuindo ambas para a criação de seis peças de uma beleza rara e inspiradora.


Adicionalmente, o piano de Rachel Grimes acentua o bucolismo de  “Lord I want more” e “This world”, ao mesmo tempo que em “Small Business”, o baixo veterano de Tony Levin cimenta o “wall of sound” que resulta da irreverência das guitarras ( Zak Riles ) e da exuberância da bateria ( Britt Walford ). Com “Obscured by clouds” lá atrás,  de novo, à espreita.

Mais próximo de Tortoise ou Brokeback que de Explosions in the Sky ou MONO, Watter não é a reinvenção da roda, mas está perto da perfeição e é belíssimo, o que é mais do que suficiente nos tempos que correm.