09/08/14

The Freeways "Dream Machine"


Em 2010, quando “The Freeways” foi publicado,  percebia-se  que se estava perante algo que não sendo absolutamente inovador, possuía a dose de talento e criação necessários para transformar os seus autores  numa importante nota de rodapé do neo-psicadelismo americano. 

A confirmação chegou agora sob a forma de “Dream Machine”. Com contornos perfeitamente definidos, da música dos Freeways emanam as influências óbvias que o conhecimento e bom gosto aconselham:  Pink Floyd e Stones, no cume do seu processo criativo ( entre 1967 e 1971 ), Rain Parade e o Paisley Underground   americano dos 80s; Mazzy Star naturalmente. E umas quantas pinceladas Velvet Underground também, filtradas através do olhar pueril de Jonathan Richman e dos Feelies. Falamos portanto da uma autêntica aristocracia de influências.


Ainda que o disco estreia seja porventura mais imediato, “Dream Machine” é mais ousado, e mais conciso também ( 31m e 23s apenas ). Reparte-se entre magnificas miniaturas sem tempo ( “Thomas Organ” ), instrumentais que  acolhem o velho surf-rock ( “Fast wave”, “Venice Beach” ), peças que remetem para a hipnótica quietude de Opal/Mazzy Star ( “You’re my addiction” ) ou peregrinações espeleológicas ao fuzz-garage-rock ( “Paragon”, “To just be” ).

Mas, acima de todas as outras emerge “Angels”, a melhor canção que os Freeways já gravaram e seguramente um tema que 2014 guardará nos cadernos do underground. Sólido o rolling do baixo, protegendo cuidadosamente os traços que a guitarra de Zanes vai esboçando, numa tela sonora que a percussão de Abe Guler sustenta, subtilmente.

E, quando “Dream Machine” chega ao fim, quase nem demos pela presença de um discreto órgão vintage que Karen Zanes foi resgatar a “Ummagumma” e a “Meddle”… Perfeito.