Há qualquer coisa de especial no mundo dos Soft Hearted Scientists que quase faz o
Atalho perder a noção do tempo. E não é só o omnipresente psicadelismo melódico
que remete para as páginas gloriosas que os Kinks ou os Tinkerbells Fairydust escreveram na
Inglaterra dos 60s. Todo o universo surreal
que habita os textos da banda de Cardiff, leva a que cada audição seja uma revelação e
nem sempre o mesmo tema soe igual duas vezes consecutivas.
O novo “False Lights” não se afasta um milímetro
das longas paisagens sensoriais que preencheram todos os cds anteriores. As
melodias são envolventes, o psicadelismo doce e as harmonias antigas. E
francamente não se percebe porque razão o quinteto de Nathan Hall não é um
fenómeno de popularidade e sucesso.
E daí … ? Talvez tal estado de coisas possa mudar. “Uncany
tales from the every day undergrowth” ( 2005 ) parece finalmente estar a merecer a
atenção que merece ( vidé a recente compilação “Whatever happened to the…”
da Fruits de Mer Records ) e o futuro pode estar ao virar da esquina. “False
Lights” repito, é uma delicia melódica e um hino ao fantástico, sempre
pincelado por aquela matriz psicadélica de que só os verdadeiros herdeiros do
pop britânico possuem o segredo.
Sobre as melodias
estamos conversados. Acerca dos temas, o Atalho transcreve
apenas alguns dos títulos: “Tintern Abbey Ghost Monk”, “Golgotha”, “Seaside Sid
and the Giant Squid”, “Halloween People”, “Trees in the wind”, “Monsters of the
Id”, “Night of the Hunter” … E, como refere Nathan Hall no booklet
que acompanha o cd: “… The
album features mushroom clouds; the
Chinese Army on horseback; Seaside Sid, who plays a dangerous game and comes to
a nasty end … but equally it was inspired by cats that purr like little
motorbikes, jaw dropping South Wales beaches …” Dá para ter uma ideia?
Tal como sucedeu no passado recente com os outros dois álbuns
dos Scientists acima referidos, “False Lights” vai directo para o meu
MP4. A meu lado, irá percorrer kms atrás de kms. A pé e não só.