Os Bardo Pond são
uma das razões porque o Atalho continua a alinhar as palavras.
Confesso que já não são muitas – as razões - , mas também não
me custa admitir que cada vez que escuto a banda de Filadélfia, sou compelido a
colocar o contador a zeros para que tudo volte ao inicio.
”Yntra” não é
exactamente a sequência do estruturado “Bardo Pond” ( 2010 ), antes um acoplado
de jam-sessions que o quinteto de psiconautas fez publicar no âmbito da série
Latitudes da Southern Records.
“The Crawl”, “Side to side” e “A Crossing” constituem um
fabuloso muro sonoro que se explana por 35m 25s de pura psicadélica, selvaticamente
polvilhada por elementos noise/heavy/space.
A ligar todos os demónios soltos
pelas guitarras dos irmãos Gibbons, a voz e a flauta de Isobel Sollenberger operam milagres e ajudam a
catapultar os temas para o espaço sideral onde, pairando, permanecerão até que
outros sons de igual calibre os substituam.
Particularmente impressionantes são os cerca de 8 minutos que dura “Side to Side”.
O riff é soberbo, quase geminado daquele outro que fez de “Don’t know about you” um dos melhores
trechos do cd anterior. A propulsão em modo drone atinge uma carga dramática
quase insustentável e, no final, não há alternativa à funcionalidade “repeat”.
Prodigioso é
porventura um adjectivo demasiado forte mas é o que me ocorre de momento para
melhor definir “Side to Side”. “A crossing” é uma longa space-jam que, em
espiral, funde todos os elementos que fazem a identidade sonora dos Bardo Pond.
Trata-se de uma extraordinária peça de neo-psicadelismo que fará as delicias
dos crentes e, porventura, afastará os cépticos.
Ou, dito de outra maneira, um tornado sonoro que irá
delimitar os campos e separar os homens dos rapazes.