29/03/13

Bardo Pond "Yntra"


 
Os Bardo Pond são uma das razões porque o Atalho continua a alinhar as palavras.
Confesso que já não são muitas – as razões - , mas também não me custa admitir que cada vez que escuto a banda de Filadélfia, sou compelido a colocar o contador a zeros para que tudo volte ao inicio.

Yntra” não é exactamente a sequência do estruturado “Bardo Pond” ( 2010 ), antes um acoplado de jam-sessions que o quinteto de psiconautas fez publicar no âmbito da série Latitudes da Southern Records. 
“The Crawl”, “Side to side” e “A Crossing” constituem um fabuloso muro sonoro que se explana por 35m 25s de pura psicadélica, selvaticamente polvilhada por elementos noise/heavy/space.  A ligar todos os demónios  soltos pelas guitarras dos irmãos Gibbons, a voz e a flauta de Isobel  Sollenberger operam milagres e ajudam a catapultar os temas para o espaço sideral onde, pairando, permanecerão até que outros sons de igual calibre os substituam.

Particularmente impressionantes  são os cerca de 8 minutos que dura “Side to Side”. O riff é soberbo, quase geminado daquele outro que fez de  “Don’t know about you” um dos melhores trechos do cd anterior. A propulsão em modo drone atinge uma carga dramática quase insustentável e, no final, não há alternativa à funcionalidade “repeat”.
Prodigioso é porventura um adjectivo demasiado forte mas é o que me ocorre de momento para melhor definir “Side to Side”. “A crossing” é uma longa space-jam que, em espiral, funde todos os elementos que fazem a identidade sonora dos Bardo Pond. Trata-se de uma extraordinária peça de neo-psicadelismo que fará as delicias dos crentes e, porventura, afastará os cépticos.
 
Ou, dito de outra maneira, um tornado sonoro que irá delimitar os campos e separar os homens dos rapazes.