23/02/13

Mugstar "Axis"


E no entanto ela move-se”, afirmou Galileu acerca do movimento de translação da Terra, defendendo a sua teoria heliocêntrica, apesar da oposição da ortodoxia católica e perseguição da Inquisição.

Exageros comparativos excluídos, acerca dos Mugstar, apetece-me dizer: “E no entanto eles existem”, apesar da indiferença quase total dos órgãos de divulgação mainstream e promotores de concertos, alternativos inclusos. Através de “Axis”, a banda de Liverpool  terá atingido a maioridade na vertente criativa e o zénite no campo interpretativo. A fórmula mantém-se inalterável -  doom-psych-space-acid-kraut-rock – numa paleta caleidoscópica capaz de fazer inveja a veteranos como Dave Brock ou Nik Turner.  A sonoridade metronómica herdada dos Neu, quase sempre aliada à narrativa guerrilheira resgatada aos Hawkwind, constitui o ADN Mugstar. Ama-se ou detesta-se, ponto.

Depois das experiências “outer limits” que revestiram a banda sonora “Ad Marginem”, “Axis” regressa ao paradigma Mugstar, puro e duro. E está mais próximo do homónimo cd estreia ou de “Sun, Broken”, que de “Lime”, o qual procurou o seu espaço junto do krautrock.

Com três temas arrasadores a abrir – “Black Fountain”, “Hollow Ox” e “Tangerina”, -  Axis” não faz prisioneiros. Encanta tanto quanto hipnotiza. Provoca uma incontrolável vontade de regressar às memórias seminais de “Space Ritual” ou “Vincerus Eruptum”. A abrir o lado B, para quem optar pelo versão em vinil, “Axis Modulator”, alicerçado numa secção rítmica tonitruante e ferozmente tribal é uma peça demolidora, um patamar de barbaridade sonora que bandas como Black Keys, Psychic Ills ou Ty Segall nunca lograrão atingir. Soberbo.