Para que conste, os meus Pink
Floyd terminaram em 1972 com “Obscured by Clouds”. Exceptuando uma
estreita janela entreaberta por “Wish you were here”, tudo o que está
para a frente é-me absolutamente indiferente.
Relativamente ao que ficou para trás, não tenho a menor
dificuldade em subscrever as teses académicas que defendem o pioneirismo
caleidoscópico de “Piper at the Gates of Dawn” ou “A Saucerful of secrets”,
o experimentalismo de “More” ou a influência que “Ummagumma”
poderá ter exercido nos músicos germânicos que inventaram o “ krautrock” e a “kosmische
musik”, mas para mim “Meddle” é o Álbum dos Floyd. Opção
puramente emocional, um espaço interior onde o racional não cabe.
1971. Manhãs de domingo em família. Enquanto, ansioso,
aguardava a chegada do meu pai, aos meus olhos transportado por um matutino
que nas edições do fim de semana publicava episódios das aventuras da minha heroína, Modesty Blaise, ia escutando a
Renascença onde o jovem António Sérgio,
divulgava as suas escolhas da semana. Recordo perfeitamente aí ter escutado
pela primeira vez o enorme “Change Partners” de Stephen Stills, de me ter
deixado impressionar pela tempestade serena de “Riders on the storm” e de “Orleans”
de David Crosby quase me ter deixado sem fala
Mas no seio e recato daquele quadro familiar, enquanto aguardava
um opíparo almoço e a Modesty ia despachando malfeitores às pazadas, o que mais e melhor a minha
memória guardou foram os sons
maravilhosos de “Meddle”. “One of these
days”, “Saint Tropez”, “Fearless” ( http://www.youtube.com/watch?v=NM1a7vojSCQ ) e, sobretudo “Echoes”, fazem parte do meu
imaginário juvenil como muito poucas outras músicas se podem gabar. E sempre
que reescuto “Fearless” ou “Echoes”, páro. Simplesmente.
Muitas centenas, milhares, de álbuns passaram por mim desde
aquela época. Alguns porventura melhores
ou inclusive mais importantes, mas “Meddle” permanece um dos três
favoritos. Outro, já o referi aqui no Atalho, é “If I could only remembre my name”
de David Crosby. O terceiro, bem o
terceiro …, pode ser que algum dia vos conte.