15/02/13

Floyd Memories


Para que conste, os meus Pink Floyd terminaram em 1972 com “Obscured by Clouds”. Exceptuando uma estreita janela entreaberta por “Wish you were here”, tudo o que está para a frente é-me absolutamente indiferente.
Relativamente ao que ficou para trás, não tenho a menor dificuldade em subscrever as teses académicas que defendem o pioneirismo caleidoscópico de “Piper at the Gates of Dawn” ou “A Saucerful of secrets”, o experimentalismo de “More” ou a influência que “Ummagumma” poderá ter exercido nos músicos germânicos que inventaram o “ krautrock” e a “kosmische musik”, mas para mim “Meddle” é o Álbum dos Floyd. Opção puramente emocional, um espaço interior onde o racional não cabe.
 
1971. Manhãs de domingo em família. Enquanto, ansioso, aguardava  a chegada do meu pai,  aos meus olhos transportado por um matutino que nas edições do fim de semana publicava episódios das aventuras da  minha heroína, Modesty Blaise, ia escutando a Renascença  onde o jovem António Sérgio, divulgava as suas escolhas da semana. Recordo perfeitamente aí ter escutado pela primeira vez o enorme “Change Partners” de Stephen Stills, de me ter deixado impressionar pela tempestade serena de “Riders on the storm” e de “Orleans” de David Crosby quase me ter deixado sem fala

Mas no seio e recato daquele quadro familiar, enquanto aguardava um opíparo almoço e a Modesty ia despachando  malfeitores às pazadas, o que mais e melhor a minha memória guardou  foram os sons maravilhosos de “Meddle”.  “One of these days”, “Saint Tropez”, “Fearless”  (  http://www.youtube.com/watch?v=NM1a7vojSCQ ) e, sobretudo “Echoes”, fazem parte do meu imaginário juvenil como muito poucas outras músicas se podem gabar. E sempre que reescuto “Fearless” ou “Echoes”,  páro. Simplesmente.
Muitas centenas, milhares, de álbuns passaram por mim desde aquela época. Alguns  porventura melhores ou inclusive mais importantes, mas “Meddle” permanece um dos três favoritos. Outro, já o referi aqui no Atalho, é “If I could only remembre my name” de David Crosby. O terceiro, bem o terceiro …, pode ser que algum dia vos conte.