24/09/12

Psycholândia 4


Não são comuns versões de canções de Peter Hammill, com ou sem Van der Graaf Generator. Hammill é um criador único e, excluindo os fãs, poucos se atrevem a recriar os seus temas profundamente idiossincráticos.  Markku Helin e os Permanent Clear Light integram o campo dos fãs “permanentes” donde que a recuperação de “Afterwards” ( retirado do seminal “The aerosol grey machine” de 1969 ) não espante minimamente. A versão é cerimoniosa e competente, ainda que nos pareça estranho escutar esta melodia sem que o eco da fabulosa voz do autor esteja presente. No lado A deste novo single da Fruits de Mer, um original do grupo finlandês – “Higher than the sun” –, uma belíssima melodia a meio caminho entre os Floyd de “Meddle” e, pasme-se, os Stranglers de “Golden Brown”. Resulta muito bem e a espiral sonora que provoca fica a pairar, elegante, muito depois de se esgotarem os 3m e 30s que a canção dura.

Num registo mais comprometido com o pop ( “power pop”, se quiserem ) o EP do norte-americano Anton Barbeau avança com um original do próprio , “Psychedelic Mynde of Moses” e duas covers: “Sometimes I wish I was a pretty girl” ( Robyn Hitchcock ) e “Out of my mind on dope and speed” ( Julian Cope ). E é como se o tempo recuasse até 1967 e estas canções pelejassem por   um lugar cimeiro nas charts britânicas…, ante uma avalanche de  singles dos Beatles, Kinks ou Small Faces. Interessante ainda que não totalmente convincente.

A terminar este novo conjunto de publicações da Fruits de Mer, uma das bandas culto do Atalho: The Chemistry Set. Integrando há anos ( com algumas intermitências pelo meio ) o movimento neo-psicadélico, o colectivo britânico tem publicado verdadeiras pérolas a que poucos têm prestado atenção. Muito provavelmente, não será este EP que irá alterar tal estado de coisas, não obstante os dois originais  - “Come kiss me vibrate and smile” e “Time to breathe” – são do melhor que o duo tem produzido recentemente. Combinam o novo e o antigo ( acústico, eléctrico e electrónico ), os Mellotrons e os Farfisas piscam o olho às novas tecnologias de som e um “song writing” acima da média não pode ser negligenciado. Por seu turno, “Hallucinations”, a versão de um original dos Tomorrow, é uma absoluto “killer track”.
Como é habito, os singles serão publicados em vinilo colorido, numa edição limitada de 800 exemplares. Aqui:  http://www.fruitsdemerrecords.com/index.html.