17/07/12

Paul Buchanan "Mid Air"


“Every record should be compared to silence – silence is perfect, what are you going to put on it?”

Numa simples frase Paul Buchanan definiu todo a sua carreira enquanto músico e compositor de canções. Na verdade, quer enquanto força propulsora dos Blue Nile, quer agora a solo, Buchanan nunca produziu nada que não fizesse sentido ou, se quiserem, que não fosse necessário. Tudo teve sempre um propósito e nenhuma nota ou palavra ficou fora do sítio. A obra é de facto curta tendo em conta que começou nos anos 80, mas quando não há nada de novo para dizer, é sensato ficar-se calado.

Mid air”, o primeiro registo a solo do escocês é um repositório de poesia e silêncios induzidos. Um daqueles registos que devem ser escutados recatadamente pois, tal como é vulgar acontecer com Bill Fay ( outro exemplo de sensatez, talento e incompreensão geral ) só aí é possível sentir cada palavra, cada acorde, cada espaço propositadamente não preenchido. Pensar as sensações.

O tema título:
The buttons on your collar, the colour of your hair, I think I see you everywhere,  I  want to  live forever, and watch you dancing in the air

All the lies and make believe, the very things that one day leave mid air, but I can see you standing in

The girl I want to marry, up on the high trapeze, the day she fell and hurt her knees, and only time can make you
The wind that blows away the leaves, for everuthing that life was worth, the fallen snow, the virgin birth, I can see you standing in mid air, I can see you standing in mid air”

funciona como mote para um espaço onde a música/texto estão para além da linha que separa o vulgar do perene. A prova de que “less is more” ( pouco mais que voz, piano e alguma orquestração ) “Mid Air” será  porventura um dos trabalhos mais ignorados quando o ano de 2012 terminar. Mas voltaremos a ele mais tarde, sempre que for necessário caracterizar talento, simplicidade e magnificência.

Tal como é de resto habitual fazer-se hoje com “Songs from a room” de Cohen, “Blue” de Joni Mitchell, “Bill Fay” do próprio, ou “Stormcock” de Roy Harper …