03/05/12

Robert Haigh "Strange and Secret Things"


Robert Haigh. Longe vai o experimentalismo dos anos 80 bem como as experiências  drum & bass dos 90s. Na fase actual,  o compositor britânico optou por deslocalizar-se para áreas outrora percorridas por Eric Satie, Harold Budd ou Steve Reich e, em perfeita sintonia com o instrumento ( o piano naturalmente ), comunica regularmente com o mundo através de pequenos filmes instrumentais, miniaturas de uma beleza quase surreal, que a um tempo nos surpreendem, manietam, ou nas mais das vezes, ambos.

Strange and Secret Things  é o último opus de uma trilogia que Haigh concebeu e gravou para a editora nipónica Siren e que incluiu “Notes and crossings” (2009) e “Anonymous lights” (2010). Escutar os 17 pequenos solilóquios que constituem “Strange and secret things” é uma experiência antiga, quase litúrgica, que nos retira desta época e remete para lugares onde o tempo não conta, tão pouco como instrumento de medição.

Os belíssimos “Entre deux (Prelude)” e “Sons of Light (Prelude)” são os temas que mais evidentemente se destacam do conjunto, mas as variações de “Clear water” ou “Revenant (Prelude)” não deverão ser ignoradas. Tal como não o devem ser “Piano with generative tones” e, sobretudo, “Requiem”, a composição mais extensa ( 6m 15s ), e a único na qual para além do piano surgem outros instrumentos: um vento silencioso, quase inaudível, e uma voz em loop. Não consigo imaginar forma mais sublime de terminar “Strange and secret things”…