19/03/12

Various "Head Music"


A agora lendária e iconográfica editora Brain ( mais conhecida por “Green” Brain ) nasceu na antiga Alemanha Ocidental em 1972 e permaneceu activa até meados de 1976. A par da Ohr, da Pilz, da Kosmische Musik ou da Sky foi das principais responsáveis pela divulgação e suporte de uma das mais importantes e inovadores correntes musicais dos 70s: o krautrock / kosmische musik.

Nos 4 anos em que permaneceu activa enquanto “Green” Brain, editou obras seminais e suportou bandas como Neu!, Cluster, Guru Guru, Electric Sandwich, Os Mundi, Sperrmull, Harmonia, Klaus Schulze, Tangerine Dream, etc. Através destas edições ajudou a alterar o paradigma da música europeia, fez história, e hoje, os exemplares originais dos respectivos álbuns transaccionam-se nos mercados de coleccionadores a preços de ourives.

A Fruits de Mer Records (http://www.fruitsdemerrecords.com/head%20music.html ) decidiu comemorar os 40 anos da fundação da Brain com a edição de um duplo álbum em formato de vinil onde, com a ajuda e participação empenhada de bandas contemporâneas como os Earthling Society, Electric Moon, Vibravoid, Dead Sea Apes, Electric Orange e The Bevis Frond entre muitas outras, recupera e reactualiza temas que fazem a história do krautrock e da kosmische musik germânicas.

A grande maioria dos temas aqui relembrados não foram na origem sequer gravados para a Brain, não obstante entende-se e justifica-se a inclusão, em função da importância estética e histórica que a “Green” Brain teve (tem) na música moderna dos últimos 40 anos.

( Earthling Society )

Os incondicionais do kraut não precisarão de ler mais nada. Quanto aos outros, sempre direi que encontrarão em “Head Music” versões fabulosas de temas originais dos Amon Duul I ( “Paramechanical World” por Earthling Society ), Kalacakra ( “Nearby Shiras” por Vibravoid ), Neu! ( “Lila Engel” por Palace of Swords ), Can ( “I want more” por Saturn’s Ambush), Kraftwerk ( “Rukstob Gondoliero” por Dead Sea Apes). Ash Ra Tempel ( “Schizo” de Frobisher Neck ), Popol Vuh ( “Mantra II” de Zenith ), La Dusseldorf ( “Silver Cloud” por Frobisher Neck ) …, 19 títulos explanados pelas 4 faces de dois vinis coloridos e com publicação limitada a 700 exemplares, como é já tradicional na Fruits de Mer.

Brian Eno enquanto músico e Richard Branson enquanto homem de negócios ( a Virgin Records nasceu em 1972 muito por culpa das ondas de choque que chegavam da Alemanha ) foram os primeiros a perceber a importância pioneira do krautrock e afins. Hoje, mais de 4 décadas passadas ninguém tem a menor dúvida sobre o talento dos visionários que lhe deram forma e sobretudo conteúdo.

As mais sinceras felicitações à Fruit de Mer Records por esta oportuna e meritória iniciativa.