08/03/12

"SORROW'S CHILDREN, The Songs of S.F. Sorrow"


Por uma questão meramente geracional, cheguei tarde aos Pretty Things e, confesso, “S.F. Sorrow” ( 1968) nunca me impressionou por aí além. Depois aquela velha disputa sobre qual seria o primeiro “concept album”, se “S.F. Sorrow” se “Tommy”, sempre me pareceu estéril e desprovida de sentido. Neste contexto, o mais badalado álbum dos Pretties era um assunto mais ou menos encerrado para mim. Até há dias!

Um amigo teve a gentileza de me fazer chegar um cópia promocional de “Sorrow’s Children”, um projecto da ( www.fruitsdemerrecords.com ) o qual pretende ser um tributo ao lendário disco dos Pretty Things. Após uma, duas, três audições, o cepticismo dissipou-se e a empatia cresceu. Voltei ao original.
Encontrei-o algo datado, mas as canções, a grande maioria delas, estão lá na sua adequada dimensão, quer no tempo quer no modo.

E “Sorrow’s Childen”?


Bom, com tal matéria prima de base e acolhendo versões inventadas por algumas das melhores bandas do underground neo-psicadélico, como The Luck of Eden Hall, The Seventh Ring of Saturn, Hi-Fiction Science, Earthling Society, Sky Picnic, Langor, Sidewalk Society, King Penguin ou The Loons entre outras, o difícil seria “Sorrow’s Children, The Songs of S.F. Sorrow” não ser uma aposta ganha.

(The Seventh Ring of Saturn)

Mais de 4 décadas volvidas sobre a sua criação, fruto do talento de quem as recria e beneficiando das novas tecnologias de estúdio, canções como “SF Sorrow is Born”, “Private Sorrow”, “I see you”, “She says good morning” e, sobretudo, a encerrar o álbum, a enorme “Old man going” e a cativante “Loneliest Person” ( respectivamente versionadas por King Penguin e The Loons ) adquirem para o Atalho uma dimensão que provavelmente sempre tiveram, mas a que por uma razão ou por outra nunca prestei a devida atenção ou avaliei correctamente.

Arrumada a questão das canções, permito-me sublinhar a qualidade do projecto ( uma edição em vinil colorido, servida numa capa dupla com um artwork absolutamente fabuloso e limitada a 700 exemplares ), muito por culpa também da mestria e do talento dos novos grupos aqui presentes.

Os chamados “tribute albuns” são normalmente uma seca. “Sorrow’s Children” é uma gloriosa excepção. Ao nível de outras como os tributos a Tom Rapp ( “For the dead in space” ) , Byrds (“Time between” ), Gene Clark ( “Full circle” ) ou Syd Barrett ( “Asyd Vinyl”), por exemplo.

700 exemplares, com publicação agendada para o inicio de Abril. Depois não digam que ninguém os avisou …