Durante anos, dos Hot Knives ( uma banda californiana formada em meados da década de 70 pelos ex-Flamin Groovies Danny Mhm e Tim Lynch ), conheceram-se apenas dois singles “Hey Grandma” e “Lovin you”, ambos excelentes.
Sabia-se que à data, a banda tinha gravado um conjunto de temas destinados à publicação de um álbum, o qual nunca veria a luz do dia. E, sabia-se que ninguém sabia, onde paravam as respectivas fitas. Porém, há cerca de um ano começaram a circular rumores sobre a descoberta das ditas e as hostes dos órfãos e indefectíveis dos Flamin’ Groovies agitaram-se. O radar do Atalho passou imediatamente a funcionar nas 48 milhas…
No final de 2011, 35 anos volvidos, os Hot Knives viram o seu álbum “Hot Knives” finalmente publicado. O “professor” Jud Cost ( especialista em tudo o que tenha a ver com o Californian Sound ), no texto do booklet que acompanha a edição, refere muito justamente :
“… the Hot Knives were a little too late for the 60s hippie trip and a little too hippie for the crash ‘n’ burn punk-rock scene that followed in the mid 70s”.
Ainda assim, caso este disco tivesse sido publicado em devido tempo, não tenho a menor dúvida que estaria entre os clássicos da época. A sequência introdutória : “Around the world”, “Sooner or later”, “I hear the wind blow” é absolutamente arrasadora e sublinha a bold o que de melhor o San Francisco Sound produziu entre 1967 e 1974.
As vozes gémeas de Michael e Debra Houpt recordam a parceria Grace Slick/Martin Balin, “Secrets about me” poderia encaixar em qualquer álbum dos Byrds e a versão de “Hey Grandma” nada fica a dever ao original Moby Grape, “Take me back” é puro Flamin Groovies e o riffeiro “So fast” não ficaria nada mal na set-list dos Loose Gravel.
Em suma: canções enormes, vocalizações inspiradas, guitarras com entrada directa em qualquer enciclopédia de folk-rock psicadélico e um baixo que lembra Jack Casidy, isto é: ouve-se a três quarteirões de distância. A (re)descoberta do ano!