Para o Atalho não existem nem nunca existirão vacas sagradas. Mas há detalhes, momentos, espaços, que o são de facto.
Durante anos, a fanzine Ptolemaic Terrascope foi a minha mais fiel companhia, quando à minha volta, todos ou quase todos, só tinham olhos e ouvidos para as tabelas de vendas e respectivos suspeitos do costume, cujo nomes o pudor e o respeito pelos leitores me impede de mencionar.
Num oceano de poluição sonora e/ou visual, a fanzine idealizada e publicada por Phil McMullen era um oásis de inteligência, bom gosto, cultura, de respeito pela música e pelos músicos.
Mas tal como o "video killed the radio star", a net matou as publicações em papel e as "torres" da Terrascope transferiram-se para o espaço virtual.
O bichinho continua lá ( o papel, o toque, o design, o cheiro da tinta ), como de resto sempre esteve.
Com o auxilio de uma impressora centenária, Phil McMullen acaba de produzir uma edição manual e absolutamente limitada do primeiro número da "The Terrascopedia, An Illustrated Compendium", uma pequena brochura que reproduz algumas das mais marcantes "reviews" surgidas no espaço virtual. Em concreto, falamos de Bardo Pond, Fern Night, Tangle Edge, Oneida ou Arbouretum.
Chamem-lhe loucura, anacronismo, revisionismo, "whatever" ... A memória e o saber também são feitos destes pequenos actos de amor. E, que eu saiba, sem artefactos, não existiriam museus...