09/07/11

Thurston Moore "Demolished Thoughts"



Há muito que os Sonic Youth deixaram de fazer parte do meu círculo de bandas a seguir em permanência. Praticamente desde o momento em que o equilíbrio entre a vertigem atonal/feedback especulativo de Thurston Moore e o discurso mais melódico de Lee Ranaldo se quebrou em desfavor do último, o colectivo de Nova Iorque deixou de me motivar.

Grosso modo, isto é também verdadeiro para os projectos paralelos de Thurston Moore, cujo talento e capacidade não estão naturalmente em causa. Não é o meu “cup of tea”, simplesmente. Daí que “Demolished Thoughts” me tenha surpreendido, e muito.

Basicamente um trabalho acústico, o álbum cativa pela simplicidade das canções e dos processos ( arranjos e produção ). A presença de Beck terá também algo a ver com isto, embora também aí resida uma meia surpresa.





Não existe em “Demolished Thoughts uma única canção “excessiva” e todas convivem bem com aquele ambiente sereno e tranquilo, tão típico dos momentos em que se conta uma história de cariz autobiográfico ou não.

Porque é de pequenas histórias que este disco é feito. Desde logo no fenomenal “Benediction” ( uma “love song” que impressiona pela convicção e simplicidade ), passando pelo urbano “Illuminine” ou até mesmo pela deriva sónica de “Circulation”. “Blood never lies” poderá ter a ver com a figura tutelar da mãe ( cuja foto surge na capa e nos agradecimentos do cd ) enquanto “Orchard Street” cheira obviamente a Nova Iorque e a Sonic Youth.

Não sendo uma absoluta obra prima “Demolished Thoughts” é no entanto um registo muito pessoal, qualquer coisa como um encontro com a maturidade, pessoal e artística. Está repleto de intimidade e “conservadorismo” ( no sentido em que já existe algo de artisticamente muito significativo para conservar ) e nessa medida irá constituir um marco na carreira de Thurston Moore.

Para o melhor e para o pior, muito do que o músico de Nova Iorque fizer daqui para a frente, ser-lhe-á inevitavelmente comparado.