21/03/11

Four Quartets "The Paragon of Animals"


Os viajantes habituais do Atalho sabem que nutro particular apreço pelo trabalho de Rob Sharples.

Fruto de um ainda diminuto mas sólido acervo de canções, o jovem Sharples atingiu já um patamar de qualidade que, se não deixar hipotecar pelas solicitações do sucesso fácil, permitirá no futuro comparar bem com os melhores episódios da história do folk-rock britânico.

Depois de dois EPs – So the story goes e “Four Quartets” ( o último apenas em formato digital ) – e de um conjunto de canções libertas ao ritmo do MySpace, eis que chega “The Paragon of Animals”, verdadeiramente a primeira colectânea de canções de Rob Sharples. Four Quartets é um “nom de plume”, apenas um pormenor de reduzido significado. O importante são as canções.

Algumas delas andam por aí há muitos meses (“Pirouette”, “A long way down”, “Light Bulb”, “Whitewash”, “The Spirit level” ) e o facto de surgirem no alinhamento do CD significa que do ponto de vista do autor, o respectivo processo de amadurecimento correu bem e a distinção é merecida.



Porque The Paragon of Animals” é um registo distinto. Dissemelhante a tudo o que se escuta por aí. Simultaneamente novo e antigo, como se criadores como Al Stewart, Marc Brierley ou John Martyn regressassem ao presente e tudo tentassem para que a matriz tipicamente inglesa das suas composições prevalecesse sobre o lixo tóxico quotidiano.

Dito isto, existem aqui temas cujos arranjos guardarei mais facilmente do que outros. Trata-se apenas do meu gosto pessoal e de modo algum deverá interferir com a natureza de canções como “Another 6/8”, “Light Bulb”, “The Spirit level” ou “Statues”. Para além destas, há “Pirouette” e “Joke’s over”; “Magpie” e “The drowned and the saved”; “The Hoax” e “A long way down”. E a enorme “A parting of the ways”.

Sharples escreveu, tocou a maior parte dos instrumentos, gravou, produziu e criou o “artwork” de “The Paragon of Animals”. É tudo menos uma tarefa menor, um “tour de force” magistral tendo em conta que falamos de um projecto independente. Contudo não consigo deixar de pensar como soariam estas canções se atrás da consola de produção estivesse por exemplo ... John Cale.