17/05/08

Rob Sharples

Depois de 30 anos a ouvir música e após alguns milhares de discos percorridos, já existem muitos poucos sons capazes de me tirarem do sério.

Razão pela qual fiquei surpreendido com a minha surpresa ao ouvir as canções de Rob Sharples.

Descobri Sharples através de um amigo inglês. Confesso que estranhei a excitação e os elogios a propósito do primeiro EP, mas o rigor e o tradicional bom gosto do meu amigo, levaram-me a investigar sem hesitação.

Na altura certa, pois o EP “So the story goes” ( uma edição limitada em vinil datado de Novembro 2006 e que há muito desapareceu sem deixar rasto ) é um daqueles segredos em que música pop é pródiga e que só ganha em ser descoberto. Não importa quando, embora eu sugira o mais depressa possível.

A arte do jovem Sharples é feita daquela “englishness” que caracteriza a música de Nick Drake, Sandy Denny, Shirley Collins, Bert Jansch ou John Martyn. Está lá e dela não se pode simplesmente fazer “copy/paste”; ou se tem ou não. Ponto final.

O típico “finger-picking” inglês atravessa os 4 temas, reforçando as pontes com Drake e Jansch. “No grand gesture” é no entanto o tema que emerge do conjunto; uma melodia belíssima, objecto de um arranjo onde o violoncelo é o protagonista.

A paisagem é, reforço, absolutamente inglesa. Deixa a pairar uma atmosfera vizinha da perfeição; banda sonora à medida daqueles momentos de intimidade especial que todos vivemos pelo menos uma vez na vida.

Passou mais de 1 ano após a edição do EP. O álbum já mais do que se justifica e não será certamente por falta de material que tarda.
No site de Rob Sharples encontram-se mais 4 títulos com inevitável destaque para “Wide awake” e “My Neal Cassidy”, a última uma melodia desenhada pelo piano e colorida pela guitarra acústica. O tema esse visita o legado de Kerouac.

A adicionar ao conjunto, o MySpace disponibiliza outros 4 temas onde o piano e a guitarra acústica seguram a voz de Sharples acima das palavras.

No conjunto um festim constituído por uma dúzia de canções que nos ocupam a alma e enchem de novo de esperança.