“Damn it !!!” Gosto tanto deste CD que estou quase tentado a colocar de lado os auscultadores e permitir que o som dos Mugstar se propague sem restrições. A minha única hesitação reside na fortíssima probabilidade de 5 minutos volvidos, os meus vizinhos de patamar, do andar de cima e muito possivelmente do de baixo, numa circunstancial aliança, se prepararem para violentar o botão da minha campainha. É que “Sunburnt Impedance Machine” sendo uma das mais extraordinárias peças de noise-rock psicadélico que escutei recentemente, é também por isso mesmo um albergue de riffs tonitruantes e apocalípticos.
“Lime” é já o terceiro CD desta banda de Liverpool e aos meus olhos o seu melhor, o que é dizer muito, tendo em conta o que escrevi sobre o primeiro. A maturidade musical será sempre um conceito subjectivo e um momento em constante mutação. Logo um processo evolutivo que umas vezes corre bem, outras nem tanto. Neste âmbito, atrever-me-ia a dizer que “Lime” é por esta altura o estado de maturidade dos Mugstar.
Para além do já referido tema de abertura, algo capaz de separar os homens dos rapazes, os cerca de 13 minutos que dura “Serra” são do melhor e mais consistente que este quarteto já produziu. Seria preciso recuar até La Dusseldorf, Neu ou mesmo Kraftwerk para encontrar algo de semelhante.
“Radar King” principia com um “break” de antologia ( o meu leitor de CD deve estar perplexo e algo irritado, tantas as vezes que o obriguei a voltar ao inicio do tema ), desenvolve-se em ambiente metronómico - onde as guitarras lutam desesperadamente para não serem devoradas pela bateria - e termina num espaço outrora ocupado pelo space-rock psicadélico dos Hawkwind ou dos Man. A concluir “Beyond the Sun” é um lugar de ambiental acalmia que, não sendo diferenciador, de modo algum compromete.
Pelas melhores razões “Lime” é um daqueles raros álbuns de que em momento algum me irei esquecer. Seguramente o melhor que escutei este ano.