25/02/10

Eluvium "Similes"


Aqui pelo Atalho era grande a curiosidade acerca do que poderia ser o novo Eluvium. Matthew Robert Cooper tem vindo a reinventar-se a cada novo registo, porém depois de “Copia”, um zénite difícil de ultrapassar, as dúvidas eram no mínimo prementes.

Similes” traz a resposta. Mais de que em qualquer um dos projectos anteriores, Cooper mergulhou nos compêndios e no “songbook” de Brian Eno. Mais, arrisca integrar no seu habitual universo emocional as palavras e utiliza a voz para, num murmúrio decorativo, acompanhar a melancolia, as sensações e os silêncios da música.

Os talentos às vezes também praticam “body jumping” e, perante o presente quadro, há que abordar Similes” por aquilo que efectivamente é: um magnífico disco de música pop de matriz ambiental, muito influenciado por “Taking Tiger Mountain (by strategy)”, “Another green world” e “Before and after science” , a incontornável trilogia do Brian Eno dos anos 70.

Existem alterações. Subtis no espaço, óbvias na forma. “Leaves eclipse the light” enquadra discretas percussões e não deixa de recordar os primeiros discos do David Sylvian pós Japan, enquanto a voz, ainda que lacónica e quase sempre sofrida, constitui uma inovação aparentemente útil mas cuja eficácia só o tempo permitirá avaliar correctamente.

Dito isto, há que desfrutar das emoções que o piano acústico e o conjunto da electrónica soltam em “The motion makes me last” e “In culmination”; da melodia geminada com “Spider and I” (Brian Eno) que é “Weird creatures”; do colorido sensorial de “Making up minds”; da tempestade cósmica que se eleva de “Bending dream” …

No final, permanece a suspeita de que o futuro da música de Matthew Cooper poderá não passar por aqui, ainda que “Similes” seja uma magnífica colecção de “ambient pop songs” evidenciando um registo qualitativo muito acima da média.

Copia”, esse encontra-se parqueado numa outra dimensão.