Sem grande alarido nem parangonas nas páginas da imprensa mainstream os Citay vão fazendo o seu caminho. Grupo mutante organizado em torno de Ezra Feinberg, os Citay são oriundos de São Francisco e especialistas em estabelecer pontes entre as diferentes gerações do psicadelismo.
Ao terceiro disco – “Dream get together” – aquela postura é absolutamente evidente. Mais consistente e eclético que o anterior “Little Kingdom”, o novo CD propõe um conjunto alargado de sonoridades que vão do soft-psych ao folk-rock, com passagem pelo acid-rock, todos de características bem luminosas como convém numa banda californiana.
“Careful with that hat” a abrir, é um semi-épico electro-acústico algo refém do paradigma Fleetwood Mac da época “Rumours” / “Tusk” ( o que não é necessariamente um mau sintoma ) ainda que as guitarras ácidas, muito Moby Grape, procurem resgatar o tema daquela sonoridade.
“Dream get together”, a canção, possui a matriz e a arquitectura de um opus de Paul Kantner aos comandos do “Spitfire” dos Jefferson Starship , enquanto “Secret breakfast”, um instrumental regressado ao registo space-psych, sublinha a memória que ficou da Steve Miller Band de “Sailor” ou “Children of the future”.
Mais à frente em “Mirror Kisses”, é impossível não pensar em Damon & Naomi, sobretudo naqueles momentos em que a voz de Merrill Garbus paira serena e brilhante sobre as guitarras acústicas de Ezra Feinberg e Tim Green. “Hunter”, um instrumental “bigger than life”, é a confirmação de que a música de Citay tem como destino os grandes espaços e é feita de referências históricas incontornáveis. “Tugboat”, uma versão do tema dos Galaxie 500 de “Today”, termina “Dream get together”. Significativo.
Não sendo rigorosamente indispensável, este registo confirma a ideia deixada por “Little Kingdom”. A música dos Citay rasga horizontes e agiganta-se em espaços abertos.